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domingo, 30 de agosto de 2009

Os Sentidos do Vinho

É o nome do último livro que terminei de ler sobre vinhos. Escrito nos anos 80 por Matt Kramer , colunista genial da Wine Spectator (que na verdade segue mais o estilo mais objetivo e sem deslumbre da Decanter Magazine inglesa), o livrinho é capaz de desmistificar TODOS os mitos acerca da bebida, e derruba todos os esnobismos. Se você não entende nada de vinho, passará a entender. Se entende muito (ou acha que entende) vai perceber que metade do que você aprendeu lendo publicações especializadas e frequentando degustações (sérias ou não) não passava de esnobismo. E ainda, que há muito o que aprender sobre o assunto. Recomendo pra qualquer pessoa que aprecie vinhos. Ao final do livro, uma coletânea de receitas pra casar com os vinhos que ele ali destaca...

Esses dias andei aprontando na cozinha... Fiz sursild e gravlax pra esperar a irmã e cunhado, fora as guloseimas que comprei na feira com a sogra. Estava perdendo umas frutas, então no olhômetro bati as duas maçãs e umas 3 nectarinas no liquidificador, coloquei na panela com umas colheradas de açúcar (aromatizado com as sementes de amburana que a Claudia mandou), um pouco de vinho tinto, e larguei lá em fogo baixo por mais de uma hora. Quando voltei pra olhar, a mistura havia reduzido quase pela metade, então tirei do fogo. Ficou uma delícia. Hoje de manhã comi no café da manhã, com pão...

Mas o destaque da semana - a melhor pasta do mundo. Eu sou tarada por pasta - spaguetti, fusilli, penne, lasagna, raviolis, capelettis, o que for! Ontem no mercado (não na feira, no mercado normal) havia uma promoção de tomates orgânicos noruegueses. Cada caixinha vinha com um tomate amarelo, um vermelho, e vários tomates cereja amarelos, vermelhos, e alguns daqueles tigradinhos. Por 11 coroas (menos de 4 reais). Comprei 2, e em casa estava pensanso o que fazer com eles. Pensei em fazer tomate seco, mas leva muuuuittttoooo tempo, horas, e a quantidade de tomatinhos não compensava o trabalhão e a sujeira. Depois, pensei em preservá-los em azeite, mas me lembrei da última recomendação do FDA e do CDC americanos, de não fazer esse tipo de preserva com tomates. É que o óleo preserva também a bactéria do botulismo que eventualmente fique presa em gotículas de água. Associando ao alho, pior ainda. Conservas de alho em óleo são atualmente proibidos em restaurantes industriais e navios nos Estados Unidos. Como o alho tem baixa acidez, se for armazenado livre de oxigênio em temperatura ambiente, ele as condições favorecem o crescimento de Clostridium botulinum (botulismo).

Então, resolvi assar os bichinhos pra comer com macarrão. Cortei os tomatinhos cereja ao meio, espalhei numa assadeira com sal, pimenta, orégano e uma boa dose de azeite extra-virgem, 3dentes de alho com casca, e coloquei no forno a 200 graus por uns 15 minutos. Depois de cozidos, deixei esfriar. Transferi pra uma tigela de vidro, tirando os alhos assados das cascas e amassando bem. Misturei aos tomates, e acrescentei muitas folhinhas de manjericão fresco. Deixei na geladeira de ontem pra hoje. Hoje cozinhei fusilli, pus os tomates no micro. Depois de quente, ainda misturei uma colheradinha de pesto. Misturei tudo ao fusilli e mandei ver na frente da TV. O melhor macarrão do mundo! Até quem diz que não sabe cozinhar consegue fazer isso com muita facilidade. Sem fotos, fica só na imaginação. Fica a dica...


terça-feira, 25 de agosto de 2009

Fiskesuppe

Uma receita tradicional de sopa de peixe, aqui da minha Noruega. Não sei se na Noruega dos outros também é, mas foi inclusive servida na nossa recepção de casamento. Esse fim de semana fez um friozinho, muita chuva, então resolvi reproduzir a sopa. É bem simples e fuica muito, muito boa, apesar de um pouco calórica.


Para 4 pessoas

150 g de filé de peixe branco (eu usei gråsteinbit, em inglês wolf fish, em português peixe lobo, acho que não existe no Brasil, pois é um peixe de água fria) cortado em cubos (tamanho de um dado)
150 g de um peixe de carne vermelha (salmão ou truta, sendo preferível a truta pelo sabor mais delicado, e use apenas pelo colorido mesmo) idem
150 g de camarão pequeno limpo e inteiro
150 g de mexilhões sem as conchas
2 cenouras em tirinhas finas
1 alho-poró grande em tirinhas ou rodelinhas finas
1/2 garrafa de vinho branco Riesling (vagabundo, de garrafa azul)
250 ml de caldo de peixe (pode ser em cubinho ou de pacotinho)
250 ml de creme de leite fresco
sal e pimenta do reino branca moída

Preparo
1 - Aqueça o caldo de peixe, acrescente a garrafa de vinho na panela e deixe ferver.
2 - Acrescente a cenoura, ferva por dois minutos. Acrescente o alho-poró, ferva por mais 2 minutos.
3 - Acrescente o peixe, o camarão e os mexilhões, e cozinhe por uns 5-10 minutos, até que tudo esteja cozido e macio.
4 - Apague o fogo, acrescente o creme de leite
5 - Prove e tempere com sal e pimenta à gosto
6 - Sirva com baguette quentinha em fatias grossas, e se quiser, ovos mexidos.

Algumas considerações... Meus camarões e mexilhões eram já cozidos e em conserva, é só abrir o potinho e despejar na panela. Só uso pra isso mesmo, pois é muito fácil. Agora, se você tem camarões crus (mesmo que sejam congelados) à sua disposição, então use-os! O mesmo pros mexilhões. Os mexilhões frescos são mais caros aqui, e os camarões vem cozidos, sempre, o que me enlouquece e eu já tinha até comentado... Já o caldo de peixe, eu fiz um caldo eu mesma, um dia antes havia comprado trutinhas peruanas (???) e filetei as bichinhas pra treinar mesmo. As espin has e cabeças eu tasquei numa panela com um litro de água, uma cenoura, uma cebola e meio talo de salsão, mais umas folhinhas de salsa com talo e tudo, e uns grãos de pimenta do reino. Fervi por uns 15 minutinhos, deixei esfriar muito bem, coei e guardei, já pensando na sopa. Valeu a pena, pois aquele sabor de caldo pronto não me agrada muito.

E cuidado com o creme de leite, pois a acidez do vinho branco reduzido pode cortá-lo, e ele talha. Não altera o sabor, mas a aparência é feia... Já aconteceu comigo sim!

Aproveitem o friozinho... Vou fazer a sopinha de novo quando minha irmã vier...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Brownie de chocolate e especiarias

Semana passada me dei ao luxo de comprar um chá caríssimo, pra celebrar meu emprego. Eu gosto muito de chá, e se ele for exótico ou de sabores diferentes, melhor ainda. O bom e velho Lipton (chá preto comum) é entediante...

Então, comprei uma caixinha de chá da marca Yogi. Descobri essa marca em St. Thomas (US Virgin Islands). No pier havia uma deli de donos israelenses. De olho nos passageiros, mas mais ainda na tripulação, vendiam comidas, queijos, chás - e vinhos - do mundo todo, além de fabulosos sanduíchesde pastrami... A cada 15 dias, não importava o que estivesse fazendo, em St. Thomas era obrigatório dar um pulinho na deli, às vezes até de uniforme... Então, comprava os chai (chá indiano com especiarias) tanto preto quanto o orgânico. Além de vinho, claro!

E fiquei muito feliz em achar os chás Yogi por aqui. Mas pelo preço proibitivo, nem prestei atenção. Agora posso! Então, comprei o Sweet Chili, chá asteca de especiarias com chili. Delicioso e apimentado, uma delícia...

E pra matar a frustração de não cozinhar no trabalho tanto quanto eu pensei, hoje acordei atacada e com muita vontade de comer um bom brownie. Procurei umas receitas, mas sou muito específica porque gosto dos brownies assim mais pra fudge, bem grudentos por dentro. Achei várias receitas intressantes, e pretendo reproduzir e testar todas, mas hoje fiz uma apanhado e criei a minha própria... Com muito chocolate, como deve ser, e inspirada no chá asteca.

Brownie de chocolate com especiarias
1 1/2 xícara de açúcar
4 ovos
1/2 colher de chá de sal
1 xícara de manteiga derretida (250 g)
3/4 de xícara cacau em pó sem açúcar
1 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de avelãs e amêndoas torradas e picadas (pecan também deve ficar bem nessa receita)
100 g de chocolate amargo picado
1 colher de chá de canela em pó
1 colher de chá de cardamomo em pó
1 colher de chá de noz-moscada
chili em pó à gosto

Pré-aqueça o forno em 185 graus. Unte e enfarinhe uma forma retangular média. Peneire a farinha com as especiarias, sal e cacau. Derreta a a manteiga com o chocolate em banho-maria (se quiser use o micro, cuidando pra não queimar o chocolate). Bata os ovos com o açúcar por 3 a 4 minutos, até ficar um creme bem liso e fofo. Adicione a manteiga e chocolate e misture bem. Então coloque a farinha e misture bem. A massa deve ficar um creme bem liso e grosso. Por fim adicione o chili. Eu usei um daqui que já vem num moedorzinho, e coloquei bastante (umas duas colheres de chá cheias).




Por fim adicione as avelãs e amêndoas. Despeje a massa na forma enfarinhada. Fiz o meu mais fino, pra assar mais depressa. Levou 25 minutos no forno. Retire do forno quando estiver firme ao chacoalhar a forma, entretanto o palito espetado no meio NÃO deve sair limpo... Se sair limpo, você cozinhou demais o brownie.

Deixe descansar por 15 minutos e corte em quadrados, ainda quente. Então espere esfriar e retire os quadrados, um a um. Se quiser, faça uma cobertura, mas aí haja caloria! Eu como um pedaço ainda quente, com café forte, enquanto digito estas linhas...

Meus quadrados ficaram meio desengonçados por causa das avelãs e amêndoas, que eu gosto de deixar em pedaços grandes. E o sabor e picante do chili ficaram muito discretos...


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Framboesa

Terça à tarde havia comprado duas caixinhas de framboesas. Não foram baratas não, mas estavam lindas de matar, e além disso, framboesas e cerejas estão os sabores que exercem feitiço sobre mim. Não tenho poder contra elas. No Brasil, dava pra aguentar, pois eram frutas importadas e pouco saborosas. Mas aqui, as framboesas são locais... Lá em Styrkesnes estava lotado de framboesa selvagem, mas a sogra é MUITO chata nesse aspecto e não deixou a gente colher, dizendo que estavam em terras de outros, e que pertencias à eles. Oras, que tem um framboesal à beira da estrada pode reclamar que os outros as colham? Então, o plano era voltar pro chalé hoje pra colher tudo o que eu conseguisse, sem a sogra pra se meter. Mas aí veio a notícia do trabalho, então os planos foram cancelados. E mesmo antes de saber do cancelamento da potencial colheita, comprei... Não aguentei.

E depois, à tardinha, assistindo a dose diária de televisão com Lars, vimos um programa na BBC Lifestyle chamado Seasonally Scotish. Ela fez uma torta de avelãs com framboesa. Eu não tinha avelãs em casa... Anotei a receita, e pensei em fazê-la outra hora.

Na quarta acordei e antes mesmo de ligar o computador, enquanto tomava meu café, resolvi tacá-las na panela e fazer uma geléia. Estou armazenando goodies no meu armário. Já tenho compota de cerejas com aquavit, compota de nectarinas, e agora a geléia.


Então, NÃO seguindo os preceitos de meu livrinho Perfect Preserves, usei a proporção de uma parte de fruta para meia parte de açúcar. Também usei um pouquinho de pectina, pois a framboesa se liquefaz no processo. Justamente por isso, quase não adicionei água. Foi menos de meio copo no total, só pra começar o processo mesmo. O livro recomenda uma parte de açúcar pra uma de fruta! Muito doce. Por isso mesmo, depois de pronta a geléia, usei o processo térmico de preservação. A jarra esterilizada (fervida mesmo, por uns 20 minutos, e deixada pra secar (eu seco com um pano de prato limpo) ainda quente é preenchida com a geléia quente, fechada e selada, e depois tudo retorna à fervura brava, por uns 5 ou 10 minutos.

Como o açúcar já preserva (e não é necessário usar uma parte de açúcar pra uma de fruta pra isso, mas é preciso usar mais do que eu gostaria), o aquecimento é só pra garantir. Depois guardar num lugar fresco e seco, de preferência com pouca luz. Ainda assim pode ocorrer a deterioração ou a esporulação de fungos (eles formam esporos e voltam a "viver" uma vez que as condições do meio permitam). Se deteriorar, você notará a formação de um filme esbranquiçado na superfície. Vamos esperar que a minha sobreviva, pois fui super cuidadosa...

Quando visitei uns amigos no Canadá, em Saskatchewan, lá no meio das pradarias (lá faz frio pra burro no inverno, mais que aqui, se bobear), fiquei louca de ver que eles tinham na fazenda um porãozinho cheio de conservas das coisas que eles produziam no verão. Pêssegos, tomates, entre muitas outras coisas. Sempre quis voltar lá num verão e acompanhar o processo. Agora nem mais lá eles vivem mais... Mas o porãozinho não me sai da cabeça. Essa idéia romântica de formiguinha que colhe no verão pra não passar fome no inverno!

Então, pra minha surpresa, depois que fiz a geléia e ela tava envidraçada e fervendo com vidro e tudo, vim abrir a net e vi que Claudia, minha ídola da net culinária, tinha feito um post sobre a mesmíssima coisa!

Mas então, depois que recebi a notícia do emprego na quarta mesmo, resolvi fazer a tortacom avelãs. Lars tinha saído pra praticar tiro (em Outubro começa a temporada de caça ao alce), e pedi que ele parasse no mercado e comprasse mais duas caixas de framboesas e as avelãs. A receita é muito, muito simples, mas o tempo de espera me matou.

Para a massa
125 g de manteiga gelada
75 gramas de farinha de trigo
75 g de avelã
25 g açúcar de confeiteiro

Para o recheio
500 g de framboesas
75 a 125 g de açúcar de confeiteiro
1 colher de sopa de araruta (difícil de achar, pode ser substituída por Maizena)
125 de licor de cereja ou conhaque ou vodka sabor framboesa (Smirnoff ou Stoli Raspberry) - eu não usei nada

No processador, misture os ingredientes da massa até que ela esteja com o aspecto de uma farofa grossa. Então despeje numa forma (pode ser de fundo falso, se quiser desenformar) untada com óleo. Espalhe e aperte a farofa pela forma, distibuindo por igual. Refrigere por uma hora, e então leve ao forno 180 graus até que esteja dourada.


Eu fiz duas porque as minhas formas eram pequenas, e ainda assim sobrou. Emfim, depois de assadas, deixe esfriar.

Fiz meu recheio enquanto a torta descansava na geladeira. Coloque as framboesas com o açúcar (e o álcool, se decidir usar). Cozinhe até consitência de geléia,por uns 20 minutos. Deixe esfriar um pouco. Dissolva o amido de sua escolha em um pouco de água. Coloque um pouco da geléia quente na mistura, e volte o conteúdo todo pra panela de geléia. Deixe ferver por uns 10 minutos, em fogo baixo, e está pronta. É só despejar a geléia nas tortas já frias. Refigere antes de servir.

E sirva com chantilly ou iogurte natural... E ainda, como sobrou massa pra mim, eu assei 4 biscoitinhos. 2 deles eu esfarelei por cima da torta pra decorar. Os outros dois foram testes pra mais biscoitinhos de natal. Ficaram deliciosos!


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Blåbærpai, sursild e sopa paraguaia

Na Segunda, como eu voltei do chalé lotada de mirtilos (blueberries em inglês, blåbær em noruga), resolvi fazer a torta de mirtilos da Claudia do Sabor Saudade. Antes do almojantar eu e Lars fomos às compras e aproveitei pra providenciar tudo que faltava - amêndoas inteiras, açúcar de confeiteiro, ovos, etc. Deu um trabalhinho fazer a farinha de amêndoas, e não sei se tive a paciência de fazer tudo como manda o figurino, mas tava bom pra mim. É preciso comprar amêndoas inteiras com casca (a pele, não a casca dura). Depois aferventá-las por alguns minutos, e enquanto esfriam, é só espremer e as amêndoas pulam de dentro das cascas. Depois fazer a farinha no processador com açúcar de confeiteiro. Mas no total, levou menos de uma hora, pois eram apenas 250 g de amêndoas. Me lembrei dos dias que trabalhava como confeiteira em São Paulo, no extinto restaurante Mellão Cucina D'Auttore. Eu vivia pelando amêndoa, kilos e kilos... Ficava com os dedos até enrugados... Mas, enquanto fazia isso, deixei meus filés de sild (herring ou arenque) na de molho em água.

A torta de mitilos não ficou linda não, porque acho que o forno estava um pouquinho quente além da conta, e ela ficou morenona. Mas ficou deliciosa assim mesmo. Não tirei fotos, porque o post e as fotos da Claudia estão muito mais legais, então confira lá. Mas comemos ela quentinha, saída do forno, e tava deliciosa. No dia seguinte ficou melhor ainda.


Sursild é o famoso pickles de arenque que os escandinavos tanto gostam. Sur significa azedo, e sild é o peixe. Creio que esse prato nasceu também na Idade Média ou antes, como forma de preservar o peixe pro inverno. Existem muitas variações do mesmo tema. Com mostarda, com tomates, as especiarias usadas também variam. O melhor que provei até hoje foi um comprado na Suécia ano passado, durante minhas férias aqui. Tinha dill na conserva. Mas como a Noruega é a terra do mínimo esforço, você até compra já pronto no mercado um pacotinho de especiarias chamado sildkrydder. Foi esse da foto que eu comprei. Eu nem tinha idéia de quanto é fácil prepará-lo, afinal é uma conserva. É difícil achar arenque fresco por aqui, mas encontro aos montes os filézinhos salgados ou defumados. É o salgado que deve ser usado para a conserva.

Usei um pacote de spekesildfillet como esse ao lado, embora de outra marca, a Lofoten (crédito pra foto ao clicar nela). Eu já gosto do arenque assim, salgado, mas é muuuitoooo salgado, então é preciso deixar de molho por algumas horas antes de comer assim mesmo, ou de fazer a conserva. Os meus filés ficaram de molho por umas duas horas e meia, e troquei a água três vezes. Então cortei os filés no sentido do comprimento, em fatias de mais ou menos 1,5 cm de espessura.

1 pacote de arenque salgado ou uns 5 filezinhos
100 ml de vinagre branco (aqui eles recomendam um vinagre de 7% de concentração, a marca é Idun
200 ml de água
a medida equivalente à 300 ml de açúcar
2 cebolas picadas (eu gosto com bastante cebola)
1 pacotinho de especiarias, ou se não tiver, use 1 colher de sopa de pimenta do reino, uns 4 cravos, 1 colher de sopa de sementes de mostarda, uma folha de louro, e se quiser pode por dill fresco e outras ervas

Num recipiente com tampa, coloque o peixe picado e a cebola por cima. Em outro recipiente, misture a água com vinagre e açúcar, e mexa até o açúcar estar dissolvido por completo. Então acresccente as especiarias, e despeje o líquido por cima do peixe com cebolas. Tampe e refrigere por ao menos um dia. A cada dia que passa a conserva fica mais adocicada e com o sabor mais característico. Eu já transferi a minha conserva para um pote menor. Ficou muito bom, e melhor que os comprados prontos. O preço, entretando, ficou mais ou menos na mesma. O peixe custou 68 kroner, enquanto cada potinho de sild no mercado custa em torno de 30 kroner Entretanto, os potinhos do supermercado vem com menos quantidade, então deu na mesma. Mas o sabor ganhou!

Por fim, o desejo de longa data de comer sopa paraguaia. A sopa paraguaia é um prato típico do Mato Grosso do Sul. O porque do nome é controverso... Alguns dizem que a sopa nasceu pra ser um caldo, mas deu errado. Já ouvi também (e ói que no Pantanal o pessoal sabe contar uma estória, vôtche) que assim como a chipa (um pão de queijo de polvilho doce e cru), a sopa apareceu por conta do jejum da Sexta-feira Santa, e as duas receitas eram preparadas no dia anterior... Sei lá qual a verdade, mas a sopa paraguaia é uma torta feita de milho verde, cebolas e queijo, basicamente. A última vez que comi sopa foi ainda no Pantanal, em 2003. No Natal passado, quando eu e Lars estivemos no Pantanal, não comi sopa - foi só churrasco mesmo...

De umas semanas pra cá, tenho morrido de vontade... Tenho um livro maravilhoso de receitas chamado "Cheiros e Sabores de Mato Grosso do Sul", escrito por uma senhora fabulosa chamada Iracema Sampaio, que eu tive a oportunidade de conhecer. Contratei-a para dar um treinamento à minha equipe lá na Caiman. Então, só que o livro ficou em São Paulo... Daí procurei receitas na net. Primeiro o programa da Ana Maria BrEga, que eu odeio, além de ter lido no Rainhas que as receitas TODAS do programa dela dão errado ao serem reproduzidas em casa! Depois de bater os olhos em otras receitas que mandam usar apenas fubá ou farinha de milho, descartei na hora, pois me alembro das minhas muié na cozinha debulhando milho verde na faca pra fazer sopa. Então finalmente achei uma receita, esta mandava separar os ovos e bater claras em neve. Achei estranho, mas parecia mais com a original.

Substituí os ingredientes de acordo com o que tenho aqui, então vamos lá, pra quem tá por esses lados e quer um gostinho de Pantanal (aliás, um gostinho de Mato Grosso do Sul) em casa...

2 latas de milho verde de 300 g (a receita pede 4 espigas de milho verde)
3 ovos separados
2 cebolas picadas (eu prefiro fatiar)
1 copo de água
1 copo de leite
6 colheres de fubá fino (cmprei fubá pra polenta na loja da chinesa)
1 colher de fermento em pó
2 colheres de manteiga
1 prato fundo de queijo (eu usei o queijo pra pizza, picadinho, que vendem aqui. Mas se tiver queijo minas, ele é o original na Sopa Paraguaia Autêntica)

Comece picando as cebolas e refogando-as na manteiga, com sal, até que estejam bem molinhas. Então adicione a água e cozinhe até que as cebolas estejam quese desfeitas, como aí na foto.










Reserve e deixe esfriar. Bata o milho com o leite e as gemas no liquidificador. Não bata demasiadamente, deixe ficar com pedaços grandes de milho. Então, despeje esta mistura nas cebolas já frias. Acrescente o fubá e o fermento e mexa bem, pra incorporar. Essa é também a hora de testar e ajustar o sal. Então bata as claras em neve, e acrescente primeiro metade. Mexa com uma colher de pau de baixo pra cima, delicadamente. Acrescente o resto das claras e incorpore, de leve. Despeje a mistura pronta em forma untada com manteiga. Asse em forno médio (ou 180 graus) por aproximadamente 40 minutos, ou até que esteja dourado por fora. Teste o meio, pra ter certeza que esta cozida.

Antes e depois de assar... Nham-nham!


E o resultado final ficou excelente, embora não remeta à sopa paraguaia a que estou acostumada. A das minhas muié ficava mais firme, ao passo que essa formou uma delicada crosta por fora (em toda a extensão) e ficou com uma consistência de souflê por dentro. Ficou deliciosa, a casa ficou com um cheiro delicioso, comemos muito, mas sobrou à beça. E hoje comeremos de novo.


Se tem algum sul-matogrossense por aí, faça a caridade de me mandar uma receita de sopa paraguaia local, mesmo que a receita seja em pitadas, punhados... Por favor, quero aquela sopa que se sobrar fica ainda mais gostosa no dia seguinte, mais firminha! Tô doida!

Fica aqui uma homenagem àquela gente pantaneira... Saudade brava, da boa!



terça-feira, 11 de agosto de 2009

O tão prometido Fiskekake

Esse post foi inspirado no comentário de uma leitora, a Lívia, casada com um norueguês, e moram no Brasil. Ela adora fiskekake e queria saber se eu tinha a receita. Eu não tinha... Até que a coincidência trouxe minha sogra aqui em casa semana passada, de peixe e cuia, pra me ensinar a fazer os autênticos fiskekaker noruegueses.

O fiskekake é um bolinho de peixe, mas não um bolinho de peixe como comeríamos na praia no Brasil, ou ainda no sul dos Estados Unidos, ou no Caribe. Esses últimos ficam assim mais soltinhos, digamos assim. São mais almôndegas ou hambúrgures de peixe. A carne do peixe (e/ou frutos do mar) é processada com temperos, especiarias, algum agente "endurecedor" (pode ser pão, alguma farinha, ovos, ou todos acima), e então podem ser fritos ou assados. Já os famigerados fiskekaker noruegueses são assim gelatinosos, ou pastosos... Não conseguia entender direito o que eles usavam pra fazê-los ficar com aquela consistência. Eu não sou muito amiga da textura dos que são comprados prontos. É algo indescritível. Nessa foto, até parecem apetitosos. Estão servidos com batatas, brócolis, e uma saladinha de camarões em conserva que vendem pronta nos supermercados. Mas ao morder o bichinho, a coisa pega.


E olha que eu não sou chata com comida, pelo contrário. É que também fico imaginando o que eles contém, que tipo de carne eles usam pra fazer o bolinho, onde fritam, etc. Essas comidas processadas em geral são um veneno... Se você come muito nugget de frango, repense sua dieta. Assim como os equivalentes de peixe - palitinhos de peixe, fish fingers, fish nuggets e o raio que o parta. Para fazer nuggets de frango, a indústria usa tudo do frango que não poderia ser aproveitado de outra froma. Eles vendem frangos inteiros, mas também partes, certo? Filés de peito sem pele - e aonde vai parar toda a pele? E os pés dos frangos, alguém já parou prá pensar nisso? Cadê eles? E os pescoços e miúdos que não são comercializados? Pois é, tudo isso, mais um montão de aditivos (preservativos), químicos (pra mudar a cor e fazê-los ficar branquinhos, e repare bem que eles não são brancos como um peito de frango cozido!), tudo isso com uma boa dose de sódio (que é o pior veneno pra corações humanos), e voilá!, aí estão seus nuggets! Quem me contou tudo isso foi o meu ídolo Jamie Oliver, num programa chamado "Jamie's Fowl Dinners". No Brasil passou no GNT. Trully shocking! E os palitinhos de peixe, a mesma coisa...

Mas voltemos ao assunto (e perdão se tirei o apetite de alguém, mas é preciso saber a verdade!)... Os fiskekaker comprados prontos já são cozidos, prontos para consumo. Mas os noruegueses (ao menos os meus) fritam os bichinhos de novo pra reaquecê-los. Até me dá certo arrepio. Muitos comem assim, como refeição, outros fazem sanduíches... Enfim, Lars vivia suspirando, quando eu dizia que não era muito fã desses famigerados bolinhos, que não há nada como um fiskekake feito em casa. Perguntei à ele umas 40 vezes como era feito, e ele nunca soube dizer. Mas um dia pediu à mãe que me ensinasse. Eu estava meio cética, imaginando que se o resultado final ficasse igual, eu não iria prepará-los nunca.

Mas vamos à receita... Os noruegueses são um pouco bitolados com suas receitas tradicionais. Tipo "pra fazer fiskekake tem que ser só com tal e tal peixe!". Bobagem deles - uma teimosia que às vezes irrita! Pode-se usar qualquer tipo de peixe pra fazê-los, lembrando-se que a cor do produto final vai variar de acordo com a cor do peixe que você usar. Se quiser um bolinho bem branquinho, use peixes brancos. Se usar salmão, por exemplo, ele vai ficar rosadinho. Bem, aqui na minha Noruega eles usam sei, hyse (da família do sei e bacalhau, o famoso haddock, que no Brasil é caro também), ou menos comum, o próprio bacalhau. No Brasil, eu usaria, por exemplo, filé de pescada se você quiser uma opção mais em conta. Mas poderia usar linguado, robalo, namorado, ou mesmo vermelho. Lembre-se que os peixes brancos tem menor teor de gordura, por isso tem o sabor mais delicado, menos "peixento". Se usar peixes como salmão, pintado, cherne, corvina, por serem mais gordurosos, deixarão seus fiskekaker com sabor mais forte.

2 kg de peixe limpo e cortado em pedaços (a sogra usou hyse)
1 colher de sopa de farinha de trigo
1/2 colher de sopa de amido de batata (pode ser substituído por Maizena)
100 ml de leite
meia cebola média cortada em pedaços
1 colher de sopa de manteiga derretida
Sal à gosto

No processador de alimentos, coloque todos os ingredientes, menos o leite. Ligue o processador e vá colocando o leite aos poucos. Você deve triturar tudo muito, muito bem, até que a massa esteja bem fininha, uma pasta lisa mesmo, sem nenhum pedacinho visível. Pode ser que você não use todo o leite, pode ser que precise de um tiquinho a mais. É precisoi r parando e testando. Eles estão prontos quando formarem uma massa bem lisa, que não grude nas mãos e possam ser moldadas.

Depois de prontos, faça bolinhos redondos e achate-os, de forma que fiquem redondinhos com a primeira foto, ou faça bolinhos com duas colheres, pra dar um formato ovalado (como os da sogra). Então - a parte que eu curto menos - pra frigideira com óleo de sua preferência ou manteiga/margarina. Eles não devem ser fritos por imersão, mas assim fritinhos com pouca gordura. Quando estiverem dourados de um lado, vire-os. E então estão prontos pra serem consumidos assim mesmo, ou congelados. Essa receita da sogra foi dobrada, pois ela tinha 4 kg de peixe. Rendeu mais de 40 bolinhos. Então eu os congelei em porções pequenas, por almojantar apenas pra dois. Fiquei com três seis porções congeladas, fora os que foram comidos naquele almojantar (segunda passada), e os que Lars, sogra e eu comemos com pão enquanto ainda estavam quentinhos.




E não é que ficaram gostosos mesmo? Agora mesmo estou descongelado uns pro almojantar de hoje. Como vou fazer uma sopa paraguaia (estou azul de vontade, faz tempo!), não tô com saco de fazer muito mais. Depois conto como ficaram os bolinhos depois de descongelados.

E outra versão dos fiskekaker são os fiskeboller, ou bolinhas de peixe. Também são pavorosas quando compradas prontas, mas feitas em casa, devem ser igual a uma mousseline de peixe. A diferença entre fiskeboller e fiskekaker é que os fiskekaker são fritos, enquanto os fiskeboller são cozidos em água. Então, basta fazer as bolinhas de massa de peixe e jogá-los em água fervendo e você terá hjemlaget fiskeboller (bolinhas de peixe feitas em casa).


E pra Lívia - ainda não sei fazer o fiskegrateng. Comprei uma vez no supermercado, da marca Findus, e não foi tão ruim não. Deixo aqui uma receita em norueguês, se ajudar... Mas ainda acho que feito em casa fica melhor. Eu faço uma torta de peixes com purê de batata (que aprendi com o Jamie Oliver também) que é divina. Até a sogra se impressionou com ela. Mas fica pra outra hora...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Fui publicada no Rainhas!!!

As moças prendadas do fabuloso blog "Rainhas do Lar" tem uma sessão, Receitas de Comadre, onde você, comadre leitora, pode enviar suas alquimias e confecções culinárias... Sem contar que o blog te salva de várias, porque elas não publicam apenas um post por dia. Não sabe o que fazer, ou quer uma receita fácil e que sempre dá certo? É "Rainhas do Lar" na cabeça...

Veja a minha aqui

Só pra comemorar, deixo também uns cup cakes de prestígio. A receita, claro, foi tirada do Rainhas, e adaptada para tamanho menor. A única ressalva é que ficaram um pouco sequinhos, então talvez valha a pena aumentar um pouco a quantidade de leite se sua massa ficar muito firme...

Massa de chocolate
175 g de farinha peneirada
125 g de manteiga amolecida
125 g de açúcar
6 colheres de sopa de leite
3 ovos separados, em temperatura ambiente
essência de baunilha à gosto
1 colher de sopa de fermento em pó
3 colheres de sopa de cacau em pó, ou chocolate em pó

Bata o açúcar com a manteiga até obter um creme bem fofo. Acrescente as 3 gemas e a baunilha e continue batendo até que a mistura esteja bem homogênea.

Em outra vasilha, peneire a farinha, o fermento e o cacau em pó. Então acrescente a mistura cremosa à mistura seca, mexendo delicadamente até que tudo esteja incorporado. Acrescente o leite. Por último, bata as claras em neve, e adicione-as à massa do bolo delicadamente.

Recheio de coco
100 g de coco ralado
100 g de açúcar (se preferir menos doce, pode reduzir pra 75 g)
1 clara em neve
1/2 colher de sopa de maizena
2 1/2 colheres de sopa de leite

Misture todos os ingredientes numa tigela.

Para montar o cup cake, numa forminha de silicone ou de papel, ou ainda de alumínio forrada com a de papel, coloque a massa de chocolate pela metade. No meio, coloque uma quantidade generosa de recheio de coco. Complete com a massa de chocolate. Asse em forno 180 graus por 15 a 20 minutos, dependendo do forno. Ficam bons assim mesmo, ou ainda com uma cobertura de chocolate - pode ser brigadeiro, pode ser chocolate derretido, ou ainda a cobertura que faço aqui, porque não tenho leite condensado, onde numa panela derreto umas 3 colheres de margarina em 6 colheres de leite, acrescento 3 colheres de chocolate em pó, duas de Nescau e uma de açúcar, e fervo. Fica molinho, mas engrossa depois de frio.



Repare que na foto acima, uma forminha tem uma coisinha amarelinha... Pois é, porque minha massa de chocolate ficou muito firme (coloquei o leite na hora errada)ela não rendeu muito, então sobrou recheio, que eu resolvi assar assim mesmo. Ficou um delicioso bolinho de coco, que se assado numa assadeira, vira um biscoitinho. Vai virar biscoito de natal aqui em casa...

E o produto final...

Prometo que o próximo post será sobre o fiskekake, só falta acabar de escrever.

Ah, e pra quem mora na Escandinávia e tem acesso ao canal BBC Lifestyle, no dia 17 de agosto começa uma nova série chamada Glamour Puds, onde um celebrity-chef patissier francês ensina a nós, reles mortais, a fazer sobremesas que parecem saídas dos livros de gastronomia. O que mais me diverte é que os britânicos, conhecidos por sua gastronomia, digamos assim, sem graça, não perderam o hábito de chamar sobremesa de pudding. Se você ouvir um inlgês dizendo pudding, ele pode tanto estar se referindo a um típico pudim de arroz (rice pudding), ou a crepes Suzette. Pra eles, basta ser doce pra ser um pudding, ou pud, como diz o programa, ao invés de dizerem dessert. Acho hilário...


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Reciclagem na cozinha

Como já contei no outro blog, sábado churrasqueamos camarões, patinhas de canguejo e filé de bacalhau. E obviamente sobrou, muito. Guardei tudo bonitinho, e no domingo taquei a carne de caranguejo, os camarões descascados e o peixe já cozido no processador de alimentos com tabasco, pimenta do reino, sal, dill, cebolinha verde, manjericão, hortelã, uma torrada de pão branco e um ovo inteiro. A mistura ficou em pedacinhos, mas bem moldável. Fiz pequenos bolinhos e achatei em forma de hambúrguer. Repare que a churrasqueira a gás na maioria das vezes acaba sendo forrada com papel alumínio por causa de fogo e sujeira - é difícil limpar... Então, a comida não grelha direto no fogo, mas no alumínio. Não é a maneira ideal, e eu não gosto, mas até que tenhamos uma churrasqueira decente, que use carvão, será assim mesmo! Pra evitar brigas... Mas serviu ao propósito, pois os bolinhos ficaram ficaram douradinhos...

Reparem que esses bolinhos de peixe que eu faço não tem nada a ver com os típicos bolinhos de peixe (fiskekake) típicos da Noruega. Pra esses, a sogra veio em casa hoje ensinar, mas postarei outra hora, em homenagem à Lívia, uma leitora casada com um norueguês... Um post só pra eles. Os meus bolinhos são mais hambúrgueres ou almôndegas, pois contém apenas a carne de peixe/camarão/caranguejo moída.

Bem, ontem havia feito um vinagrete com ervas, mostarda e framboesas, pra servir com a salada, mas que acabou ficando muito bom com o bacalhau grelhado. Hoje eu misturei esse vinagrete à batatas cozidas e picadas, tomates cereja cortados em 4 e muita salsinha picada. Depois pus na geladeira até a hora da bóia. Pra acompanhar tudo isso, só rúcula temperada com limão e sal. Nada mais simples e mais verão! Coca-Cola pro Lars e cerveja pra mim - afinal eu (ainda) não trabalho na segunda...

Outra dica que eu preciso dar aqui... Minha caipiroska de frutas vermelhas! Sábado à noitinha fiz caipiroska pro Lars, mas com limão, normal mesmo. A minha proporção ideal pra uma caipirinha de limão é de um limão com casca cortado em 8, e duas colheres de sopa rasas de açúcar num copo alto com muito gelo pra uma dose de vodka. Não consigo entender - e nem perdoar - quem descasca os limões - todo o sabor dos óleos essenciais da casca se perdem se a casca for retirada!

Quando uso outras frutas, vario a quantidade de açúcar de acordo com a doçura da fruta. Como não gosto muito doce, se a fruta é doce como kiwi, morango, melancia, uso menos açúcar. Nunca, jamais, mais que 2 colheres rasas, ou a bicha fica insuportavelmente doce e deixa o cidadão mais bebum.

Durante esses anos trabalhando com álcool em navios de passageiros, tive que aprender muito sobre a marvada pinga. Isso porque, nos US and A (como dizia Borat) TODA e QUALQUER pessoa que sirva álcool ao público precisa fazê-lo responsavelmente. Senão, pode até ir pra cadeia. A Royal Caribbean adota o treinamento de uma organização chamada ServSafe. Existe o ServSafe Alcohol e o ServSafe Food Safety, para higiene na manipulação de alimentos... É preciso fazer uma prova e passar com um mínimo de 75%, e a licensa é válida por 2 anos. Imagina o pesadelo certificar toda a equipe de bar num navio do tamanho do Freedom...

Mas então, pra passar no exame, recebemos treinamento tipo lavagem cerebral mesmo. Isso porque nos Estados Unidos, se um cliente tiver envenamento por álcool no seu estabelecimento, você dono leva uma multa, o bartender ou waiter também, e vocês dois podem acabar na prisão se o cliente se envolver num acidente ou passar mal. E nos navios não é diferente. Então, você aprende a servir álcool com responsabilidade, o que consequentemente faz com que eventualmente consuma-o com a mesma (mas nem sempre). Aprendi, por exemplo, como contar as unidades de álcool num coquetel ou drink, e contar quantas você está servindo a um mesmo cliente, e assim possa saber quando cortá-lo (sim, temos o direito de interromper serviço a um cidadão que julguemos zureta além da conta!)... Por isso, bebemos aqui em casa sempre no maior comedimento - às vezes escapa um pouco do controle, mas também saudavelmente!

Porque eu comecei a falar disso, meldeus? Deve ser pro povo não pensar que somos bebuns, hahaha! Mas então... No fim-de-semana comprei cerejas negras outra vez. Ainda tinha framboesas e mirtilos sem congelar. Foi quando bateu a inspiração etílica, e coloquei no copo umas 6 cerejas negras partidas ao meio, sem sementes, um punhado de framboesas (umas 10 mais ou menos) e um punhado de mirtilos (umas duas colheres de sopa). Então acrescentei meia colher de sopa de açúcar, macerei tudo, pus o gelo, a dose de vodka, mexi bem, enfeitei com uma cereja, e olha como ficou


A luz talvez não esteja muito boa, mas a foto com flash ficou pior ainda! Comi todas as frutas primeiro - como geralmente faço com minhas caipiras de fruta - e depois coloquei mais gelo. Foi só essa uma, mas tava tão boa que a fiz durar pelo filme dos gorilas inteiro... Dilíça!!!

Logo mais, o especial FISKEKAKE...