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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Série Faça Você Mesmo - Aprenda a fazer linguiça com Lars e Camila Hareide

Pois é, o blog estava paradinho. Mas isso não significa que não andei aprontando na cozinha. Aprontei, mas não contei. Agora foi necessário contar, porque, apesar de toda a preparação ter sido hilária, ela é de certa forma de utilidade pública.

Pois bem, começou assim... O hotel estava vazio, vazio, então foi um fim-de-semana tranquilo. Sábado de manhã fomos ao mercado comprar tripa (na verdade intestinos) de porco e banha de proco pra tentar fazer linguiça de alce no domingo. Resolvemos fazer uma linguiça mista, de alce e porco, só pra garantir... A gordura é necessária, pois a carne de alce é muito magra. A gordura ajuda no sabor e também na "liga" da linguiça, assim li na minha bíblia do CIA. Compramos também mais temperos, tipo pimenta caiena em pó, pimenta do reino branca, alho japonês (aquele alho que a cabeça toda é um só dentão de alho, sabe?), entre outras cositas.

Chegou o dia, e lá fomos nós, munidos de uma receita (que na verdade foi um apanhado de receitas das quais escolhemos as partes mais interessantes), a máquina de moer carne (e encher linguiça, rsrsrs), e os ingredientes em si:

mais ou menos 2 metros de tripa de porco (poderia ser de carneiro também)
500 g de carne de alce moída
150 g de lombo de porco moído
250 g de gordura de porco salgada e moída
pimenta do reino branca
pimenta caiena em pó
cominho em pó
alecrim seco
um dente de alho
uma cebola pequena
uma pimenta dedo-de-moça
cardamomo em pó

Começamos colocando a tripa no enchedor de linguiça, o que por si já causou muita gargalhada... A tripa vem toda enrugada e embaraçada, e em certos momentos foi necessário soprar pela extremidade oposta do enchedor de linguiça.



Depois fomos moendo a carne, primeiro no moedor com furinhos maiores (temos 3 tamanhos de furinhos).



Uma vez bem moídas as carnes e a gordura, temperamos tudo com os temperos secos (usamos muita pimenta, um tantão de alecrim, um pouquinho de cominho e cardamomo). Deixamos marinando, digamos assim, enquanto passei a cebola, o alho e a dedo-de-moça no processador, pra triturar bem. Depois acrescentamos toda a carne moída e meio copo de água gelada (só porque a receita pedia, acho que serve mesmo pra manter a mistura fria). Optei por fazer uma linguiça mais salsicha que linguiça. Achei que com a massa lisa teria menos chance de dar errado. A próxima tentativa seráuma linguiça mais rústuca e pedaçuda, a lá portuguesa... Enfim, continuemos.

Depois de tudo pronto, montamos a máquina de linguiça no modo encheção de linguiça.

E amarramos a extremidade da tripa com barbante, só para garantir. Cuidado que essa próxima foto ficou estranha...




E assim fomos enchendo uma a uma, parando ao final de cada, amarrando as extremidades com barbante. Algumas arrebentaram, outras ficaram deformadas, mas pra primeira vezes tava de bom tamanho...

Nossa produção rendeu 8 linguiças, que eu planejava preparar na Segunda com arroz, feijão, couve e purê de abóbora que eu também havia comprado no mercado...



Entretanto, lembrei que a nossa linguiça não tinha nenhum tipo de conservantes além do sal - que usamos pouco. Portanto, achamos por bem cozinhar as linguiças para guardá-las até o dia seguinte.

Depois de cozidas, tiveram que ser provadas, obviamente. E não é que deu certo? Ficaram bastante apimentadas e pouco salgadas, mas no geral muito gostosas. E o melhor, feita por nós! Sem nada artificial...


E pra nos dar maior orgulho das nossas linguiças, depois de prepará-las assistimos ao The F Word do Gordon Ramsey. E ele trouxe uma matéria exatamente sobre salsichas inglesas. Veja você mesmo - mesmo não entendendo o inglês, é possível VER o que vai nas malditas salsichas econômicas das grandes redes de supermercados ingleses...



Pois é... Nossa salsicha tinha 25% de gordura, mas ao menos sabíamos disso! E na próxima, dá pra diminuir a quantidade de gordura de porco, com certeza.

Ontem cozinhei um feijão borlotti (quem não tem cão...), fiz purê de abóbora, e refoguei uma espécie de couve norueguesa chamada grønnkål. Seguramente uma prima das couves, gostosa até, mas com o talo muito grosso e fibroso, então tirei o talo e aferventei a bicha por 2 minutos em água salgada e dei banho gelado depois. Só então refoguei com alho, cebola e um tiquinho de bacon magro.



As salsichas/linguiças foram cortadas em rodelinhas, e refogadinhas com cebola. Tudo bem abrasileirado, com farinha de mandioca ao lado! Isso pra mim é comfort food, palavrinha feia inventada pela turma dos foodies - outra palavra que eu odeio - mas que traduz a comidinha de casa, quentinha pra um dia frio, que mata saudades, que nos faz felizes se estamos tristes, ou ainda mais felizes e plenos se já estamos felizes (meu caso no momento!).

O próximo post da Série Faça Você Mesmo vem logo - preciso editar milhares de vídeos.