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sábado, 12 de dezembro de 2009

Serinakake e flatbrød

Devagar e sempre. A falta de atividade por aqui não significa que meu forno também anda parado. Pelo contrário... Começando pelos biscoitos natalinos serinakake, que eu assei há umas 3 semanas. Segui uma receita de revista de supermercado. Acho que não saíram como deveriam, mas ficaram umas bolachonas gostosas...

150 g de manteiga
250 g de farinha de trigo
2 colheres de sopa de fermento (exagero da receita, usei menos de uma)
2 colheres de sopa de açúcar baunilhado
100 g de açúcar
1 ovo
1 clara
açúcar cristal grosso
amêndoas torradas

Bata o açúcar com o ovo. No processador, misture a manteiga com a farinha, fermento e o açúcar baunilhado. Junte a mistura de farinha ao açúcar com ovo. Misture rapidamente até a massa ficar uniforme e maleável. A receita original pede saco de confeitar - o que eu não tenho, então fiz bolinhas e achatei. Então você deve fazer uma marquinha com um garfo no meio do biscoito, pincelar com a clara, salpicar com açúcar cristal e amêndoas picadas e assar até que estejam levemente dourados.

Pois bem, vejam meu resultado comparado com a fota da revista...




Não sei se ficaram o perfeito biscoito natalino, mas com café estavam de matar!

E Dona Claudia, mesmo correndo, de vez em quando publica umas coisas no blog dela que não dá pra não querer reproduzir, pois só falta sentirmos o cheiro... Então fiz uma torta estilo cheesecake, de queijo cremoso com o doce de leite Hapå. De chorar... A original no Sabor Saudade. E durante a semana, vai dando vontade de comer doce, a gente vai fazendo...

Ainda no espírito natalino, quinta feira fui à casa da sogra, pra fazer, com ela e Sylvia (a esposa do cunhado) o famoso e tradicional flatbrød... Sylvia trouxe a massa (que leva leite, farinha integral, xarope de glucose entre outras coisas) pronta. Então foi só abrir e assar num aparelho especial...

Começa com uma pelotinha, e com um rolo normal, você vai abrindo, abrindo, depois com um rolo especial, abrindo mais, até que esteja fina como um tecido. Daí é colocar na chapa elétrica...





Depois de uma hora e meia abrindo massa, tive que ir trabalhar. Dia seguinte amanheci com dor nos músculos do abdômen e dos antebraços, pelo esforço! Deu até vontade de abrir uma fábrica... Pra manter a forma...

E hoje, bolinhos de chocolate com laranja... Pra ajudar na recuperação da ressaca! Sem foto, pois foram devorados...




terça-feira, 17 de novembro de 2009

Série Faça Você Mesmo - Aprenda a fazer linguiça com Lars e Camila Hareide

Pois é, o blog estava paradinho. Mas isso não significa que não andei aprontando na cozinha. Aprontei, mas não contei. Agora foi necessário contar, porque, apesar de toda a preparação ter sido hilária, ela é de certa forma de utilidade pública.

Pois bem, começou assim... O hotel estava vazio, vazio, então foi um fim-de-semana tranquilo. Sábado de manhã fomos ao mercado comprar tripa (na verdade intestinos) de porco e banha de proco pra tentar fazer linguiça de alce no domingo. Resolvemos fazer uma linguiça mista, de alce e porco, só pra garantir... A gordura é necessária, pois a carne de alce é muito magra. A gordura ajuda no sabor e também na "liga" da linguiça, assim li na minha bíblia do CIA. Compramos também mais temperos, tipo pimenta caiena em pó, pimenta do reino branca, alho japonês (aquele alho que a cabeça toda é um só dentão de alho, sabe?), entre outras cositas.

Chegou o dia, e lá fomos nós, munidos de uma receita (que na verdade foi um apanhado de receitas das quais escolhemos as partes mais interessantes), a máquina de moer carne (e encher linguiça, rsrsrs), e os ingredientes em si:

mais ou menos 2 metros de tripa de porco (poderia ser de carneiro também)
500 g de carne de alce moída
150 g de lombo de porco moído
250 g de gordura de porco salgada e moída
pimenta do reino branca
pimenta caiena em pó
cominho em pó
alecrim seco
um dente de alho
uma cebola pequena
uma pimenta dedo-de-moça
cardamomo em pó

Começamos colocando a tripa no enchedor de linguiça, o que por si já causou muita gargalhada... A tripa vem toda enrugada e embaraçada, e em certos momentos foi necessário soprar pela extremidade oposta do enchedor de linguiça.



Depois fomos moendo a carne, primeiro no moedor com furinhos maiores (temos 3 tamanhos de furinhos).



Uma vez bem moídas as carnes e a gordura, temperamos tudo com os temperos secos (usamos muita pimenta, um tantão de alecrim, um pouquinho de cominho e cardamomo). Deixamos marinando, digamos assim, enquanto passei a cebola, o alho e a dedo-de-moça no processador, pra triturar bem. Depois acrescentamos toda a carne moída e meio copo de água gelada (só porque a receita pedia, acho que serve mesmo pra manter a mistura fria). Optei por fazer uma linguiça mais salsicha que linguiça. Achei que com a massa lisa teria menos chance de dar errado. A próxima tentativa seráuma linguiça mais rústuca e pedaçuda, a lá portuguesa... Enfim, continuemos.

Depois de tudo pronto, montamos a máquina de linguiça no modo encheção de linguiça.

E amarramos a extremidade da tripa com barbante, só para garantir. Cuidado que essa próxima foto ficou estranha...




E assim fomos enchendo uma a uma, parando ao final de cada, amarrando as extremidades com barbante. Algumas arrebentaram, outras ficaram deformadas, mas pra primeira vezes tava de bom tamanho...

Nossa produção rendeu 8 linguiças, que eu planejava preparar na Segunda com arroz, feijão, couve e purê de abóbora que eu também havia comprado no mercado...



Entretanto, lembrei que a nossa linguiça não tinha nenhum tipo de conservantes além do sal - que usamos pouco. Portanto, achamos por bem cozinhar as linguiças para guardá-las até o dia seguinte.

Depois de cozidas, tiveram que ser provadas, obviamente. E não é que deu certo? Ficaram bastante apimentadas e pouco salgadas, mas no geral muito gostosas. E o melhor, feita por nós! Sem nada artificial...


E pra nos dar maior orgulho das nossas linguiças, depois de prepará-las assistimos ao The F Word do Gordon Ramsey. E ele trouxe uma matéria exatamente sobre salsichas inglesas. Veja você mesmo - mesmo não entendendo o inglês, é possível VER o que vai nas malditas salsichas econômicas das grandes redes de supermercados ingleses...



Pois é... Nossa salsicha tinha 25% de gordura, mas ao menos sabíamos disso! E na próxima, dá pra diminuir a quantidade de gordura de porco, com certeza.

Ontem cozinhei um feijão borlotti (quem não tem cão...), fiz purê de abóbora, e refoguei uma espécie de couve norueguesa chamada grønnkål. Seguramente uma prima das couves, gostosa até, mas com o talo muito grosso e fibroso, então tirei o talo e aferventei a bicha por 2 minutos em água salgada e dei banho gelado depois. Só então refoguei com alho, cebola e um tiquinho de bacon magro.



As salsichas/linguiças foram cortadas em rodelinhas, e refogadinhas com cebola. Tudo bem abrasileirado, com farinha de mandioca ao lado! Isso pra mim é comfort food, palavrinha feia inventada pela turma dos foodies - outra palavra que eu odeio - mas que traduz a comidinha de casa, quentinha pra um dia frio, que mata saudades, que nos faz felizes se estamos tristes, ou ainda mais felizes e plenos se já estamos felizes (meu caso no momento!).

O próximo post da Série Faça Você Mesmo vem logo - preciso editar milhares de vídeos.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Casadinhos e chipas

Quando bate vontade na gente, é uma coisa muito dura. Ainda mais quando temos vontade de comer coisas feitascom ingredientes que não são facilmente encontrados aqui. Mas vamos por partes...

Primeiro, os casadinhos. A Claudia postou lá no blog dela. Morri de vontade. A última vez que comi um foi numa Brunella do Aeroporto de Guarulhos... Pois bem, segui a receita dela. A massa ficou bela, muito, muito leve. O meu truque pessoal - e de todoconfeiteiro profissional - é icorporar claras em neve sempre, sempre com um batedor de arame. Você mexe ele debaixo pra cima, e as claras vão se misturando aos poucos. E outro segredinho - claras em neve, sempre em duas vezes. Metade primeiro, depois a outra metade. Assim as claras adicionam leveza à massa,ao invés da massa colocar peso nas claras. Minha massinha nem ficou tão líquida, dava pra ouvir as bolhinhas de ar.


Ficaram fofinhos e redondinhos. Por recomendação da Claudia, e por pura preguiça de colocar asbolinhas na assadeira com colher, fiz 20 assim redondinhas, e o resto coloquei numa assadeira retangular forrada com papel manteiga.

Depois de assado... O lado lisinho deixei pra cima, e coloquei o recheio no lado mais crespinho.





Bom, ao recheio. Tinha umas 3 bananas já pretinhas por fora, mais boas por dentro, e fiz um docinho. Como a danada da Claudia tinha publicado um pudim de gianduia e eu fiquei babando, bem de experiência taquei Nugatti no dice de banana. Nugatti é um Nutella mais fajuto que tem aqui. Até que ficou decente. Usei essa mistura pra rechear os redondinhos.





Para os que seriam quadradinhos, na falta de doce de leite usei uma coisa local que é um doce de leite, chamado Hapå. Eu nãosabia que existia, até minha irmã me trazer um doce de leite Aviação, e Lars me contar desse produto depois de provar o Aviação... É um doce de leite com gosto bem caramelado, mas serve ao propósito... É feito com leite condensado, eaí me estalou que tem gosto de lata de leite condensado cozida na panela de pressão...



Resultados finais. Os quadrados não ficaram bonitos, mas foram comidos com pressa mesmo!





E a outra vontade: chipa. Um tipo de pão de queijo originário do Paraguai, mas muitíssimo popular no Mato Grosso do Sul. Qualquer buteco no estado inteiro tem a famigerada Chipa assim como coxinhas ou croquetes. A principal diferença da chipa pro pão de queijo mineiro é que a chipa é feita de polvilho doce, e não azedo. E as chipinhas quentinhas recém-assadas que a gente comia lá no Pantanal, ai que tristeza!

Queria uma receita bem tradicional de chipa, vinda lá do MS mesmo. Acabei pegando uma na TV Record MS... Se mostrou bem tosca... Dona Mir(???) economizou demais, rsrsrs. O que me inspirou mesmo foi a polca paraguaia, ou vaneirão, ou chamamé (sempre confundi) de música de fundo, já que meu CD da Helena Meirelles ficou em Sampa. Eita, sodade do Pantana.



Então, quando fui pesar os ingredientes, descobri que só tinha 190 g de polvilho. Então, taquei 10g de fubá fino. E o queijo, usei um queijo que já vem ralado, chamado pizzaøst, e é como uma mussarela. Pus 180 desse queijo e um pacotinho de 20g de parmesão ralado. Aí vi que não tinha óleo, usei azeite. E o resto, como ela recomenda. É muito simples, porque basta misturar tudo numavasilha, amassar com as mãos mesmo. E a tal massa não dava liga. Uma coisa farinhenta, farofenta. Tiveque por mais um ovo, aí deu jeito. E conselho - um cadinho mais de margarina ou manteiga do que ela aconselha. A minha ficou quase saudável, comparando com um pão de queijo normal, pois tinha azeite e margarina. Ah, e se você está no Brasil, o queijo próprio pra chipa é queijo branco ou meia-cura.

Então, fiz as bolinhas. Na fazenda elas ficavam ovaladinhas, por causa da margarina, elas derretem um pouco no forno. Como a minha tinha pouca gordura, ficou bolinha mesmo.

E cuidado... Dona Mir*** (não entendi se o repórter diz Mirna ou Mirta) manda colocar o forno a 250 graus. Só se for o dela! Depois de 2 minutos eu abaixei o meu pra 200, até abri um pouco a porta, pois eles douraram muito rápido. Ela manda assar por 20 minutos, eu assei por 10 e eles ficaram bem crequentinhos por fora. Saídos do forno, uma dilíça... No dia seguinte, umas pedrinhas. Então, asse em forno menos forte e por mais tempo.

Antes de assar...


Depois de assados...

E no meinho...


E como hoje é aniversário do Bill, companheiro de longa data de Pantanal, bartender poliglota, dedico essas chipas à ele. Um dos melhores alomoços pantaneiros que comi foi na casa dele... Piranha ensopada e puchero. Saudade de você, Bill! Esse post é pra você! Ele é o moço de faixa paraguaia e mão na cintura...






terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tjukkmølk e outras gostosuras

Não é segredo, nem pra mim nem pra ela, a minha predileção pelo blog da Claudia, Sabor Saudade. Quando ela começou a postar sobre as colheitas de mirtilos desse ano, me chamou ainda mais a atenção, e daí por diante virou mania. Adoro reproduzir as receitas dela. Nem todas, mas as que me fazem quase verter lágrimas!

Então, ela postou a famosa torta de mirtilos com amêndoas, que eu fiz e não ficou muito bonita - mas deliciosa de todo o jeito. Bem, um dia tive uma idéia... Foi no dia em que fui ao mercado de produtos locais com minha sogra. Nesse mesmo dia, encontramos uma loja de utensílios domésticos e louças com 50% de desconto EM TODA A LOJA! Jubileu de 270 anos da marca, imaginem! Comprei, então, umas forminhas refratárias pequenas, pra poder fazer tortinhas menores no forno. 5 reais cada uma!!! E nesse mesmo dia eu ia almojantar com a sogra e cunhada, e queria fazer uma sobremesa. Pensei na torta de mirtilos, mas não tinha mais tempo pra fazer massa e tudo o mais. Então abri o post da Claudia pra rever como ela tinha feito as tortinhas menores, e concluí que deveria ter sido só o recheio, pelo que me lembrava, e então fui fazer só o recheio, que é muito simples. Só que dessa vez, assei mais tempo, e elas estufaram como souflês. Ao sair do forno, também caem como os suflês, mas o resultado foi um sucesso tremendo. Marit e Sylvia comeram a tortinha com molho de baunilha desses que vendem prontos por aqui, e ficou bããããããoooo.... Abaixo, as danadas no forno, e depois de prontas. A receita tá lá no blog da Claudia.



Então, pra esperada visita da irmã e cunhado, repeti a dose... Ficaram ótimas, de novo. E nessa onda de preparação pra chegada das visitas, fui às compras com Lars. Queríamos comprar várias coisas típicas, como o queijo marron (que minha irmã adorou), perna de carneiro seca e salgada (chamada de fenalår), e outras coisinhas mais. A maior surpresa entretanto, foi encontrar o tal Tjukkmølk, de Røros, no Eurospar perto de casa. Eu tava doida pra experimentar esse produto que é típico de Røros, só feito lá mesmo, e que eu soube da existência por causa do programa Smaken av Norge da TV2. Comprei um, sem nem saber como usar. No programa de TV, o chef, que dirige um restarante e hotel em Røros, fez flan, com calda de multe, a framboesinha amarela.

Então, comecei a pensar em panna cotta, uma sobremesa italiana bem comum (creme cozido seria a tradução), sobre a qual a Claudia já havia postado bastante, e que nós fazemos de sobremesa no hotel. Mas seria uma panna cotta diferente, pois o tjukkmølk tem um sabor diferente. Então, primeiro seria preciso prová-lo. Abri a embalagem, um cremão grosso dentro, com sabor de... Iogurte! Mas assim, um iogurte natural bem forte, nada liso. A consistência era bem estranha... Pela luz da foto, acho que dá pra perceber que ele é assim, "crespinho", e bem grosso mesmo, e forma fios como baba...



Fiz a panna cotta, mas usei leite desnatado ao invés de creme de leite. Leite desnatado esse que fervi com as sementes de amburana que a Claudia me mandou de presente. Misturei o açúcar, dissolvi a gelatina, depois adicionei o tjukkmølk. E ficou com sabor de... côco!!! Abaixo, as panna cottaS (qual o plural em italiano?) e as tortinhas de mirtilos...



Pra servir com elas, tinha comprado groselhas vermelhas, que apenas misturei com um pouquinho de açúcar.


No fim, no dia da chegada comemos as tortinhas de mirtilo. As panna cottaS (acho que seria panna cotte, né?) ficaram na geladeira pra só serem devoradas Domingo, na volta do chalé, como sobremesa de um jantar de horrorosas pizzas congeladas. A gelatina não pegou, ou seja, elas não endireceram muito, ao invés ficaram um creme bem viscoso. Mas ficaram bem boas, e as groselhas curtiram no açúcar e ficaram com uma caldinha grossa! A mescla dos dois sabores foi um casamento perfeito.

Agora, só descobri a total plenitude e delicadezado tjukkmølk na segunda. Voltei da escola (Lars e os dois foram me buscar e depois saíram pra fazer mais algumas fotos) com fome. Achei uma sobra de mirtilos na geladeira, e o restinho de tjukkmolk, efiz como fazem os noruegueses, que comem os mirtilos amassados com açúcar e leite. Ao invés do leite, usei o tjukkmølk. Quando terminei meu pratinho, queria chorar, pois havia acabado MESMO! Agora procuro o bicho por todos os lados, mas não acho mais! Buáááááááááá´...



domingo, 30 de agosto de 2009

Os Sentidos do Vinho

É o nome do último livro que terminei de ler sobre vinhos. Escrito nos anos 80 por Matt Kramer , colunista genial da Wine Spectator (que na verdade segue mais o estilo mais objetivo e sem deslumbre da Decanter Magazine inglesa), o livrinho é capaz de desmistificar TODOS os mitos acerca da bebida, e derruba todos os esnobismos. Se você não entende nada de vinho, passará a entender. Se entende muito (ou acha que entende) vai perceber que metade do que você aprendeu lendo publicações especializadas e frequentando degustações (sérias ou não) não passava de esnobismo. E ainda, que há muito o que aprender sobre o assunto. Recomendo pra qualquer pessoa que aprecie vinhos. Ao final do livro, uma coletânea de receitas pra casar com os vinhos que ele ali destaca...

Esses dias andei aprontando na cozinha... Fiz sursild e gravlax pra esperar a irmã e cunhado, fora as guloseimas que comprei na feira com a sogra. Estava perdendo umas frutas, então no olhômetro bati as duas maçãs e umas 3 nectarinas no liquidificador, coloquei na panela com umas colheradas de açúcar (aromatizado com as sementes de amburana que a Claudia mandou), um pouco de vinho tinto, e larguei lá em fogo baixo por mais de uma hora. Quando voltei pra olhar, a mistura havia reduzido quase pela metade, então tirei do fogo. Ficou uma delícia. Hoje de manhã comi no café da manhã, com pão...

Mas o destaque da semana - a melhor pasta do mundo. Eu sou tarada por pasta - spaguetti, fusilli, penne, lasagna, raviolis, capelettis, o que for! Ontem no mercado (não na feira, no mercado normal) havia uma promoção de tomates orgânicos noruegueses. Cada caixinha vinha com um tomate amarelo, um vermelho, e vários tomates cereja amarelos, vermelhos, e alguns daqueles tigradinhos. Por 11 coroas (menos de 4 reais). Comprei 2, e em casa estava pensanso o que fazer com eles. Pensei em fazer tomate seco, mas leva muuuuittttoooo tempo, horas, e a quantidade de tomatinhos não compensava o trabalhão e a sujeira. Depois, pensei em preservá-los em azeite, mas me lembrei da última recomendação do FDA e do CDC americanos, de não fazer esse tipo de preserva com tomates. É que o óleo preserva também a bactéria do botulismo que eventualmente fique presa em gotículas de água. Associando ao alho, pior ainda. Conservas de alho em óleo são atualmente proibidos em restaurantes industriais e navios nos Estados Unidos. Como o alho tem baixa acidez, se for armazenado livre de oxigênio em temperatura ambiente, ele as condições favorecem o crescimento de Clostridium botulinum (botulismo).

Então, resolvi assar os bichinhos pra comer com macarrão. Cortei os tomatinhos cereja ao meio, espalhei numa assadeira com sal, pimenta, orégano e uma boa dose de azeite extra-virgem, 3dentes de alho com casca, e coloquei no forno a 200 graus por uns 15 minutos. Depois de cozidos, deixei esfriar. Transferi pra uma tigela de vidro, tirando os alhos assados das cascas e amassando bem. Misturei aos tomates, e acrescentei muitas folhinhas de manjericão fresco. Deixei na geladeira de ontem pra hoje. Hoje cozinhei fusilli, pus os tomates no micro. Depois de quente, ainda misturei uma colheradinha de pesto. Misturei tudo ao fusilli e mandei ver na frente da TV. O melhor macarrão do mundo! Até quem diz que não sabe cozinhar consegue fazer isso com muita facilidade. Sem fotos, fica só na imaginação. Fica a dica...


terça-feira, 25 de agosto de 2009

Fiskesuppe

Uma receita tradicional de sopa de peixe, aqui da minha Noruega. Não sei se na Noruega dos outros também é, mas foi inclusive servida na nossa recepção de casamento. Esse fim de semana fez um friozinho, muita chuva, então resolvi reproduzir a sopa. É bem simples e fuica muito, muito boa, apesar de um pouco calórica.


Para 4 pessoas

150 g de filé de peixe branco (eu usei gråsteinbit, em inglês wolf fish, em português peixe lobo, acho que não existe no Brasil, pois é um peixe de água fria) cortado em cubos (tamanho de um dado)
150 g de um peixe de carne vermelha (salmão ou truta, sendo preferível a truta pelo sabor mais delicado, e use apenas pelo colorido mesmo) idem
150 g de camarão pequeno limpo e inteiro
150 g de mexilhões sem as conchas
2 cenouras em tirinhas finas
1 alho-poró grande em tirinhas ou rodelinhas finas
1/2 garrafa de vinho branco Riesling (vagabundo, de garrafa azul)
250 ml de caldo de peixe (pode ser em cubinho ou de pacotinho)
250 ml de creme de leite fresco
sal e pimenta do reino branca moída

Preparo
1 - Aqueça o caldo de peixe, acrescente a garrafa de vinho na panela e deixe ferver.
2 - Acrescente a cenoura, ferva por dois minutos. Acrescente o alho-poró, ferva por mais 2 minutos.
3 - Acrescente o peixe, o camarão e os mexilhões, e cozinhe por uns 5-10 minutos, até que tudo esteja cozido e macio.
4 - Apague o fogo, acrescente o creme de leite
5 - Prove e tempere com sal e pimenta à gosto
6 - Sirva com baguette quentinha em fatias grossas, e se quiser, ovos mexidos.

Algumas considerações... Meus camarões e mexilhões eram já cozidos e em conserva, é só abrir o potinho e despejar na panela. Só uso pra isso mesmo, pois é muito fácil. Agora, se você tem camarões crus (mesmo que sejam congelados) à sua disposição, então use-os! O mesmo pros mexilhões. Os mexilhões frescos são mais caros aqui, e os camarões vem cozidos, sempre, o que me enlouquece e eu já tinha até comentado... Já o caldo de peixe, eu fiz um caldo eu mesma, um dia antes havia comprado trutinhas peruanas (???) e filetei as bichinhas pra treinar mesmo. As espin has e cabeças eu tasquei numa panela com um litro de água, uma cenoura, uma cebola e meio talo de salsão, mais umas folhinhas de salsa com talo e tudo, e uns grãos de pimenta do reino. Fervi por uns 15 minutinhos, deixei esfriar muito bem, coei e guardei, já pensando na sopa. Valeu a pena, pois aquele sabor de caldo pronto não me agrada muito.

E cuidado com o creme de leite, pois a acidez do vinho branco reduzido pode cortá-lo, e ele talha. Não altera o sabor, mas a aparência é feia... Já aconteceu comigo sim!

Aproveitem o friozinho... Vou fazer a sopinha de novo quando minha irmã vier...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Brownie de chocolate e especiarias

Semana passada me dei ao luxo de comprar um chá caríssimo, pra celebrar meu emprego. Eu gosto muito de chá, e se ele for exótico ou de sabores diferentes, melhor ainda. O bom e velho Lipton (chá preto comum) é entediante...

Então, comprei uma caixinha de chá da marca Yogi. Descobri essa marca em St. Thomas (US Virgin Islands). No pier havia uma deli de donos israelenses. De olho nos passageiros, mas mais ainda na tripulação, vendiam comidas, queijos, chás - e vinhos - do mundo todo, além de fabulosos sanduíchesde pastrami... A cada 15 dias, não importava o que estivesse fazendo, em St. Thomas era obrigatório dar um pulinho na deli, às vezes até de uniforme... Então, comprava os chai (chá indiano com especiarias) tanto preto quanto o orgânico. Além de vinho, claro!

E fiquei muito feliz em achar os chás Yogi por aqui. Mas pelo preço proibitivo, nem prestei atenção. Agora posso! Então, comprei o Sweet Chili, chá asteca de especiarias com chili. Delicioso e apimentado, uma delícia...

E pra matar a frustração de não cozinhar no trabalho tanto quanto eu pensei, hoje acordei atacada e com muita vontade de comer um bom brownie. Procurei umas receitas, mas sou muito específica porque gosto dos brownies assim mais pra fudge, bem grudentos por dentro. Achei várias receitas intressantes, e pretendo reproduzir e testar todas, mas hoje fiz uma apanhado e criei a minha própria... Com muito chocolate, como deve ser, e inspirada no chá asteca.

Brownie de chocolate com especiarias
1 1/2 xícara de açúcar
4 ovos
1/2 colher de chá de sal
1 xícara de manteiga derretida (250 g)
3/4 de xícara cacau em pó sem açúcar
1 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de avelãs e amêndoas torradas e picadas (pecan também deve ficar bem nessa receita)
100 g de chocolate amargo picado
1 colher de chá de canela em pó
1 colher de chá de cardamomo em pó
1 colher de chá de noz-moscada
chili em pó à gosto

Pré-aqueça o forno em 185 graus. Unte e enfarinhe uma forma retangular média. Peneire a farinha com as especiarias, sal e cacau. Derreta a a manteiga com o chocolate em banho-maria (se quiser use o micro, cuidando pra não queimar o chocolate). Bata os ovos com o açúcar por 3 a 4 minutos, até ficar um creme bem liso e fofo. Adicione a manteiga e chocolate e misture bem. Então coloque a farinha e misture bem. A massa deve ficar um creme bem liso e grosso. Por fim adicione o chili. Eu usei um daqui que já vem num moedorzinho, e coloquei bastante (umas duas colheres de chá cheias).




Por fim adicione as avelãs e amêndoas. Despeje a massa na forma enfarinhada. Fiz o meu mais fino, pra assar mais depressa. Levou 25 minutos no forno. Retire do forno quando estiver firme ao chacoalhar a forma, entretanto o palito espetado no meio NÃO deve sair limpo... Se sair limpo, você cozinhou demais o brownie.

Deixe descansar por 15 minutos e corte em quadrados, ainda quente. Então espere esfriar e retire os quadrados, um a um. Se quiser, faça uma cobertura, mas aí haja caloria! Eu como um pedaço ainda quente, com café forte, enquanto digito estas linhas...

Meus quadrados ficaram meio desengonçados por causa das avelãs e amêndoas, que eu gosto de deixar em pedaços grandes. E o sabor e picante do chili ficaram muito discretos...


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Framboesa

Terça à tarde havia comprado duas caixinhas de framboesas. Não foram baratas não, mas estavam lindas de matar, e além disso, framboesas e cerejas estão os sabores que exercem feitiço sobre mim. Não tenho poder contra elas. No Brasil, dava pra aguentar, pois eram frutas importadas e pouco saborosas. Mas aqui, as framboesas são locais... Lá em Styrkesnes estava lotado de framboesa selvagem, mas a sogra é MUITO chata nesse aspecto e não deixou a gente colher, dizendo que estavam em terras de outros, e que pertencias à eles. Oras, que tem um framboesal à beira da estrada pode reclamar que os outros as colham? Então, o plano era voltar pro chalé hoje pra colher tudo o que eu conseguisse, sem a sogra pra se meter. Mas aí veio a notícia do trabalho, então os planos foram cancelados. E mesmo antes de saber do cancelamento da potencial colheita, comprei... Não aguentei.

E depois, à tardinha, assistindo a dose diária de televisão com Lars, vimos um programa na BBC Lifestyle chamado Seasonally Scotish. Ela fez uma torta de avelãs com framboesa. Eu não tinha avelãs em casa... Anotei a receita, e pensei em fazê-la outra hora.

Na quarta acordei e antes mesmo de ligar o computador, enquanto tomava meu café, resolvi tacá-las na panela e fazer uma geléia. Estou armazenando goodies no meu armário. Já tenho compota de cerejas com aquavit, compota de nectarinas, e agora a geléia.


Então, NÃO seguindo os preceitos de meu livrinho Perfect Preserves, usei a proporção de uma parte de fruta para meia parte de açúcar. Também usei um pouquinho de pectina, pois a framboesa se liquefaz no processo. Justamente por isso, quase não adicionei água. Foi menos de meio copo no total, só pra começar o processo mesmo. O livro recomenda uma parte de açúcar pra uma de fruta! Muito doce. Por isso mesmo, depois de pronta a geléia, usei o processo térmico de preservação. A jarra esterilizada (fervida mesmo, por uns 20 minutos, e deixada pra secar (eu seco com um pano de prato limpo) ainda quente é preenchida com a geléia quente, fechada e selada, e depois tudo retorna à fervura brava, por uns 5 ou 10 minutos.

Como o açúcar já preserva (e não é necessário usar uma parte de açúcar pra uma de fruta pra isso, mas é preciso usar mais do que eu gostaria), o aquecimento é só pra garantir. Depois guardar num lugar fresco e seco, de preferência com pouca luz. Ainda assim pode ocorrer a deterioração ou a esporulação de fungos (eles formam esporos e voltam a "viver" uma vez que as condições do meio permitam). Se deteriorar, você notará a formação de um filme esbranquiçado na superfície. Vamos esperar que a minha sobreviva, pois fui super cuidadosa...

Quando visitei uns amigos no Canadá, em Saskatchewan, lá no meio das pradarias (lá faz frio pra burro no inverno, mais que aqui, se bobear), fiquei louca de ver que eles tinham na fazenda um porãozinho cheio de conservas das coisas que eles produziam no verão. Pêssegos, tomates, entre muitas outras coisas. Sempre quis voltar lá num verão e acompanhar o processo. Agora nem mais lá eles vivem mais... Mas o porãozinho não me sai da cabeça. Essa idéia romântica de formiguinha que colhe no verão pra não passar fome no inverno!

Então, pra minha surpresa, depois que fiz a geléia e ela tava envidraçada e fervendo com vidro e tudo, vim abrir a net e vi que Claudia, minha ídola da net culinária, tinha feito um post sobre a mesmíssima coisa!

Mas então, depois que recebi a notícia do emprego na quarta mesmo, resolvi fazer a tortacom avelãs. Lars tinha saído pra praticar tiro (em Outubro começa a temporada de caça ao alce), e pedi que ele parasse no mercado e comprasse mais duas caixas de framboesas e as avelãs. A receita é muito, muito simples, mas o tempo de espera me matou.

Para a massa
125 g de manteiga gelada
75 gramas de farinha de trigo
75 g de avelã
25 g açúcar de confeiteiro

Para o recheio
500 g de framboesas
75 a 125 g de açúcar de confeiteiro
1 colher de sopa de araruta (difícil de achar, pode ser substituída por Maizena)
125 de licor de cereja ou conhaque ou vodka sabor framboesa (Smirnoff ou Stoli Raspberry) - eu não usei nada

No processador, misture os ingredientes da massa até que ela esteja com o aspecto de uma farofa grossa. Então despeje numa forma (pode ser de fundo falso, se quiser desenformar) untada com óleo. Espalhe e aperte a farofa pela forma, distibuindo por igual. Refrigere por uma hora, e então leve ao forno 180 graus até que esteja dourada.


Eu fiz duas porque as minhas formas eram pequenas, e ainda assim sobrou. Emfim, depois de assadas, deixe esfriar.

Fiz meu recheio enquanto a torta descansava na geladeira. Coloque as framboesas com o açúcar (e o álcool, se decidir usar). Cozinhe até consitência de geléia,por uns 20 minutos. Deixe esfriar um pouco. Dissolva o amido de sua escolha em um pouco de água. Coloque um pouco da geléia quente na mistura, e volte o conteúdo todo pra panela de geléia. Deixe ferver por uns 10 minutos, em fogo baixo, e está pronta. É só despejar a geléia nas tortas já frias. Refigere antes de servir.

E sirva com chantilly ou iogurte natural... E ainda, como sobrou massa pra mim, eu assei 4 biscoitinhos. 2 deles eu esfarelei por cima da torta pra decorar. Os outros dois foram testes pra mais biscoitinhos de natal. Ficaram deliciosos!


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Blåbærpai, sursild e sopa paraguaia

Na Segunda, como eu voltei do chalé lotada de mirtilos (blueberries em inglês, blåbær em noruga), resolvi fazer a torta de mirtilos da Claudia do Sabor Saudade. Antes do almojantar eu e Lars fomos às compras e aproveitei pra providenciar tudo que faltava - amêndoas inteiras, açúcar de confeiteiro, ovos, etc. Deu um trabalhinho fazer a farinha de amêndoas, e não sei se tive a paciência de fazer tudo como manda o figurino, mas tava bom pra mim. É preciso comprar amêndoas inteiras com casca (a pele, não a casca dura). Depois aferventá-las por alguns minutos, e enquanto esfriam, é só espremer e as amêndoas pulam de dentro das cascas. Depois fazer a farinha no processador com açúcar de confeiteiro. Mas no total, levou menos de uma hora, pois eram apenas 250 g de amêndoas. Me lembrei dos dias que trabalhava como confeiteira em São Paulo, no extinto restaurante Mellão Cucina D'Auttore. Eu vivia pelando amêndoa, kilos e kilos... Ficava com os dedos até enrugados... Mas, enquanto fazia isso, deixei meus filés de sild (herring ou arenque) na de molho em água.

A torta de mitilos não ficou linda não, porque acho que o forno estava um pouquinho quente além da conta, e ela ficou morenona. Mas ficou deliciosa assim mesmo. Não tirei fotos, porque o post e as fotos da Claudia estão muito mais legais, então confira lá. Mas comemos ela quentinha, saída do forno, e tava deliciosa. No dia seguinte ficou melhor ainda.


Sursild é o famoso pickles de arenque que os escandinavos tanto gostam. Sur significa azedo, e sild é o peixe. Creio que esse prato nasceu também na Idade Média ou antes, como forma de preservar o peixe pro inverno. Existem muitas variações do mesmo tema. Com mostarda, com tomates, as especiarias usadas também variam. O melhor que provei até hoje foi um comprado na Suécia ano passado, durante minhas férias aqui. Tinha dill na conserva. Mas como a Noruega é a terra do mínimo esforço, você até compra já pronto no mercado um pacotinho de especiarias chamado sildkrydder. Foi esse da foto que eu comprei. Eu nem tinha idéia de quanto é fácil prepará-lo, afinal é uma conserva. É difícil achar arenque fresco por aqui, mas encontro aos montes os filézinhos salgados ou defumados. É o salgado que deve ser usado para a conserva.

Usei um pacote de spekesildfillet como esse ao lado, embora de outra marca, a Lofoten (crédito pra foto ao clicar nela). Eu já gosto do arenque assim, salgado, mas é muuuitoooo salgado, então é preciso deixar de molho por algumas horas antes de comer assim mesmo, ou de fazer a conserva. Os meus filés ficaram de molho por umas duas horas e meia, e troquei a água três vezes. Então cortei os filés no sentido do comprimento, em fatias de mais ou menos 1,5 cm de espessura.

1 pacote de arenque salgado ou uns 5 filezinhos
100 ml de vinagre branco (aqui eles recomendam um vinagre de 7% de concentração, a marca é Idun
200 ml de água
a medida equivalente à 300 ml de açúcar
2 cebolas picadas (eu gosto com bastante cebola)
1 pacotinho de especiarias, ou se não tiver, use 1 colher de sopa de pimenta do reino, uns 4 cravos, 1 colher de sopa de sementes de mostarda, uma folha de louro, e se quiser pode por dill fresco e outras ervas

Num recipiente com tampa, coloque o peixe picado e a cebola por cima. Em outro recipiente, misture a água com vinagre e açúcar, e mexa até o açúcar estar dissolvido por completo. Então acresccente as especiarias, e despeje o líquido por cima do peixe com cebolas. Tampe e refrigere por ao menos um dia. A cada dia que passa a conserva fica mais adocicada e com o sabor mais característico. Eu já transferi a minha conserva para um pote menor. Ficou muito bom, e melhor que os comprados prontos. O preço, entretando, ficou mais ou menos na mesma. O peixe custou 68 kroner, enquanto cada potinho de sild no mercado custa em torno de 30 kroner Entretanto, os potinhos do supermercado vem com menos quantidade, então deu na mesma. Mas o sabor ganhou!

Por fim, o desejo de longa data de comer sopa paraguaia. A sopa paraguaia é um prato típico do Mato Grosso do Sul. O porque do nome é controverso... Alguns dizem que a sopa nasceu pra ser um caldo, mas deu errado. Já ouvi também (e ói que no Pantanal o pessoal sabe contar uma estória, vôtche) que assim como a chipa (um pão de queijo de polvilho doce e cru), a sopa apareceu por conta do jejum da Sexta-feira Santa, e as duas receitas eram preparadas no dia anterior... Sei lá qual a verdade, mas a sopa paraguaia é uma torta feita de milho verde, cebolas e queijo, basicamente. A última vez que comi sopa foi ainda no Pantanal, em 2003. No Natal passado, quando eu e Lars estivemos no Pantanal, não comi sopa - foi só churrasco mesmo...

De umas semanas pra cá, tenho morrido de vontade... Tenho um livro maravilhoso de receitas chamado "Cheiros e Sabores de Mato Grosso do Sul", escrito por uma senhora fabulosa chamada Iracema Sampaio, que eu tive a oportunidade de conhecer. Contratei-a para dar um treinamento à minha equipe lá na Caiman. Então, só que o livro ficou em São Paulo... Daí procurei receitas na net. Primeiro o programa da Ana Maria BrEga, que eu odeio, além de ter lido no Rainhas que as receitas TODAS do programa dela dão errado ao serem reproduzidas em casa! Depois de bater os olhos em otras receitas que mandam usar apenas fubá ou farinha de milho, descartei na hora, pois me alembro das minhas muié na cozinha debulhando milho verde na faca pra fazer sopa. Então finalmente achei uma receita, esta mandava separar os ovos e bater claras em neve. Achei estranho, mas parecia mais com a original.

Substituí os ingredientes de acordo com o que tenho aqui, então vamos lá, pra quem tá por esses lados e quer um gostinho de Pantanal (aliás, um gostinho de Mato Grosso do Sul) em casa...

2 latas de milho verde de 300 g (a receita pede 4 espigas de milho verde)
3 ovos separados
2 cebolas picadas (eu prefiro fatiar)
1 copo de água
1 copo de leite
6 colheres de fubá fino (cmprei fubá pra polenta na loja da chinesa)
1 colher de fermento em pó
2 colheres de manteiga
1 prato fundo de queijo (eu usei o queijo pra pizza, picadinho, que vendem aqui. Mas se tiver queijo minas, ele é o original na Sopa Paraguaia Autêntica)

Comece picando as cebolas e refogando-as na manteiga, com sal, até que estejam bem molinhas. Então adicione a água e cozinhe até que as cebolas estejam quese desfeitas, como aí na foto.










Reserve e deixe esfriar. Bata o milho com o leite e as gemas no liquidificador. Não bata demasiadamente, deixe ficar com pedaços grandes de milho. Então, despeje esta mistura nas cebolas já frias. Acrescente o fubá e o fermento e mexa bem, pra incorporar. Essa é também a hora de testar e ajustar o sal. Então bata as claras em neve, e acrescente primeiro metade. Mexa com uma colher de pau de baixo pra cima, delicadamente. Acrescente o resto das claras e incorpore, de leve. Despeje a mistura pronta em forma untada com manteiga. Asse em forno médio (ou 180 graus) por aproximadamente 40 minutos, ou até que esteja dourado por fora. Teste o meio, pra ter certeza que esta cozida.

Antes e depois de assar... Nham-nham!


E o resultado final ficou excelente, embora não remeta à sopa paraguaia a que estou acostumada. A das minhas muié ficava mais firme, ao passo que essa formou uma delicada crosta por fora (em toda a extensão) e ficou com uma consistência de souflê por dentro. Ficou deliciosa, a casa ficou com um cheiro delicioso, comemos muito, mas sobrou à beça. E hoje comeremos de novo.


Se tem algum sul-matogrossense por aí, faça a caridade de me mandar uma receita de sopa paraguaia local, mesmo que a receita seja em pitadas, punhados... Por favor, quero aquela sopa que se sobrar fica ainda mais gostosa no dia seguinte, mais firminha! Tô doida!

Fica aqui uma homenagem àquela gente pantaneira... Saudade brava, da boa!