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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Febre de bolinhos

Não sei o que aconteceu... Acho que a possibilidade (mesmo que remota) de voltar a trabalhar profissionalmente numa cozinha está mexendo comigo. Ou então eu ando assistindo muito a shows de comida na BBC.

Lars saiu cedinho e volta tarde. Resolvi almojantar tortillas espanholas. Sei lá, deu vontade, e são relativamente fáceis de fazer. Cozinhar ecomer sozinha é triste... O detalhe é que segunda feira passada eu fui na outra loja de comida importada - essa, de paquistaneses. Achei leite Ninho, leite condensado, café da Indonésia (uma marca chamada Completa, muito bom) e FARINHA DE MANDIOCA!!! Comprei, e até agora não fiz farofa, pois almojantei fora ou sozinha a semana toda. Quem sabe amanhã...

Bem, voltando à tortilla... A que fiz seria suficiente pra duas pessoas.

5 batatas pequenas (aquelas pequeninas, quase aperitivo)
3 ovos
1 cebola média, picada
leite
sal, pimenta do reino
1 cebolinha verde
ervas à gosto - usei salsa, majericão, hortelã e ciboulette
azeite de boa qualidade, em boa quantidade

Primeiro, dei uma pré-cozida nas batatas. Estavam cozidas, mas firmes. A cebola e cebolinha picadas foram misturadas às batatas picadas (corte em dois, depois fatie, fatias finas. Eu uso as batatinhas com casca mesmo). Numa frigideira grande, anti-aderente e de fundo grosso, deixei o azeite esquentar bem, e joguei a mistura de batatas e cebolas pra dar uma fritada.


Enquanto refogam, misturei os 3 ovos, sal, pimenta do reino, as ervas picadas e um pouco de leite (eu uso leite só pra suavizar e ficar mais fofo. Se não quiser, não use). Quando as batatas e cebolas focaram douradinhas, tirei do fogo e joguei a mistura de ovos. É preciso trabalhar rápido, pra distribuir batatas e ovos igualmente pela frigideira. Uma vez que tudo esteja bem distribuído, aumentei o fogo e deixei cozinhar como se fosse omelete (e é, na verdade). Por cima de tudo, acrescentei queijo. Deixei dourar bem embaixo, e usei um prato pra me ajudar a virar e cozinhar a parte de cima. Depois de pronta, comi com salada de rúcula e tomate, temperados só com limão e sal, já que a tortilla ficou mais gordurosa do que eu estou acostumada.


E após o almojantar, foi hora de dar cabo à mais um monte de nectarinas que estavam estragando na cozinha. Resolvi fazer adivinha o que???? Cup cakes!!!

Seguindo a receita básica que usei para os de cenoura e os de mirtilos, bati as 5 nectarinas no liquidificador com um resto de geléia de nectarina que havia feito, e o restante é como as receitas anteriores. Fruta, óleo e ovos no liquidificador, secos à parte, depois líquido nos secos, e nas forminhas de silicone. Forno 180 graus por 15 a 20 minutos, e depois é correr pro abraço! Dessa vez deixei-os simplezinhos mesmo, mas ficaram com um leve gostinho de pêssego! Acho que usando pêssegos em calda (uns 5, ou 10 metades) deve dar o mesmo efeito. E a cada receita que faço, vou diminuindo mais o óleo e o açúcar.

Então, a receita básica
aproximadamente 1xícara de suco/polpa/fruta do que vc quer fazer o cup cake
meio copo de óleo
2 ovos
1 1/2 xícara de farinha
1 xícara de açúcar
1 colher de sopa de fermento em pó

Coffee time!



quinta-feira, 30 de julho de 2009

Idéia de Jerico

Putz, ouvi essa frase a vida toda, mas fui me informar, pra descobrir que Jerico é só mais um dos nomes do burro! Vivendo e aprendendo! Mas a minha idéia de Jerico até que deu certo... Ainda tava com a geladeira lotada de mirtilos. Os bolinhos que fiz na terça já eram... Ficaram bons demais. Então hoje fui comprar almojantar pra mim e vi umas framboesas divinas, locais. Comprei uma caixinha. Resolvi fazer uns cup cakes de framboesa e mirtilos, usando como base a receita do bolo de cenoura do Rainhas do Lar. Fiz só metade da receita, e ao invés de cenouras, usei 6 morangos picados, meia xícara de framboesas frescas e meia xícara de mirtilos inteiros. Creio que se quiserem usar fruta congelada, também dá certo. Gosto dessa receita porque ela é muito fácil e rápida...



Morangos, mirtilos e framboesas com dois ovos inteiros mais meio copo de óleo no liquidificador. Em outra vasilha, peneire 1 xícara e meia de farinha de trigo com uma colher de sopa de fermento em pó (o que uso aqui na Noruega parece ser mais fraco, então uso mais), e depois acrescente uma xícara de açúcar. Então adicione aos poucos o conteúdo do liquidificador aos ingredientes secos, aos poucos, mexendo delicadamente. Ao final da operação, a massa ficará assim



Então, adicionei à essa massa um punhado de mirtilos inteiros, e ao colocar a massa nas forminhas, primeiro enchi só a metade, coloquei uma framboesa bem no meio, e completei com a mais massa.



Olha só os danados, antes de assar, e assando...



E depois de prontos



Por fora ficou com casquinha, e douradinho, e por dentro, a framboesa derreteu, e o sabor ácido dela cortou um pouco do doce da massa, assim como os mirtilos frescos. Ficou delicioso, e não ficou tão roxinho como eu pensei que ia ficar, mas ficou um pouquinho...

Acho que vou mandar essa receita pro Rainhas, pro Receitas das Comadres... Afinal, a receita original é delas!

Agora, um pouquinho sobre os mirtilos... Tem propriedades adstringente, antibacteriana, antidiarréica, estimulante da circulação sanguínea, hipoglicêmica e tônica. Seu consumo reduz a taxa de açúcar do sangue e o colesterol, e dizem que o vinho de mirtilos é bom pra tratar diarréia... São ricos em Vitaminas A, C, E e beta-caroteno e em minerais (potássio, manganês e magnésio). De acordo com estudos recentes, os mirtilos são uma das melhores e maiores fontes de antioxidantes, que previnem a formação de radicais livres no organismo, previnem a deterioração de células causada por câncer e combatem o envelhecimento das células. Os anti-oxidantes ainda são excelentes na prevenção de doenças cardíacas ou câncer. Os mirtilos possuem ainda resveratrol, o mesmo anti-oxidante presente nas uvas tintas e seus vinhos, e que faz com que se acredite - ainda sem muita prova científica, mas com os franceses como exemplo vivo - que reduz o colesterol do sangue. (Fonte aqui)

Agora estou querendo ir outra vez este fim de semana colher mirtilos - aqui ao redor da cidade mesmo, porque no chalé, só daqui duas semanas - pra lotar o freezer com eles, e ter fruta pra fazer tortas, cup cakes e vitaminas o inverno todo. Até o tal médico da Oprah (sim eu adoro a Oprah! Eu vi a Oprah durante a inauguração do Freedom em NY...), Dr. Oz, vive dizendo que é preciso comer muito mirtilo , açaí, etc...

E pra terminar, uma fotinho dos meus pés de alface e meu basilicão... O basilicão está com umas manchinhas amareladas nas folhas. Achei que fosse muitaluz, botei-os pra dentro de casa e eles melhoraram... Mas os alfaces estão lindos! Logo comerei minha própria salada!


terça-feira, 28 de julho de 2009

Blåbær spree, ou a Febre dos Mirtilos

Pois é, o dia amanheceu bom. Tava sol. Acordei 9:15 (sem despertador) porque fiquei vendo "Law & Order" ontem à noite (sem comentários!). Tomei café, vesti um jeans, camiseta e tênis e 10 em pontinho a sogra tocou a campainha. Também acabei pegando um par de galochas, pois aprendi uma lição: quando alguém te disser que certo tipo de calçados são requeridos para determinada atividade outdoors, ACREDITE!



Dirigimos, com o carro cheio de baldes, em direção a um lago enorme fora de Bodø, uns 20 minutos. A sogra já parou o carro num lugarzinho que já conhecia, e subimos o morro, nada muito íngreme não... Eram 10:20 mais ou menos quando chegamos lá. Todos esses arbustinhos rasteiros que você vê aí na foto são mirtilinhos esperando para serem apanhados! Bicho, era muita frutinha... Cobrimos essa área da foto aí, uns 10 metros quadrados de área. À 1 da tarde já tínhamos um balde de 5 litros cheio e um de 3, quase cheio. Fizemos alguns breaks, pois as costas doem muito - muito mesmo, estou toda capenga agora. Os arbustinhos são baixinhos, e você ou agacha, ou ajoelha, ou senta mesmo no mato. Gosto das florestas aqui porque tem um musguinho bem polpudo que afofa, então pra sentar ou ajoelhar é fácil. O duro é que sentei e ajoelhei em mirtilos. Meu jeans está imprestável... Mas como sempre falo do preço das coisas na vida, é a isso que me refiro. Bem, num dos breaks eu e sogra tomamos café e comemos sanduíche de geléia de banana (que eu dei pra ela!). Quando resolveu chover duro é que concordamos em tirar o time de campo. Pra quem se pergunta como nós nos comunicamos, eu falo todo o pouco norueguês que sei, ela fala todo o pouco inglês quesabe, e no meio tem muita linguagem corporal. Mas nos entendemos bem.

Cheguei em casa e fui tratar logo de separar os mirtilos das folhinhas, galhinhos, aranhas, mosquitinhos e larvas que eventualmente vem junto (coitados, a gente vai lá na casa deles, tira-os dos seus afazeres e sequestra-os pra sempre... Fiquei pensando neles depois de ler o post do Daniel ontem, no Photo in Natura)

As mãos já estavam tingidas de roxo, achei que ia levar uns três dias pra limpar. Mas saiu depois de muita escovada e um longo banho quante, afinal nos molhamos na chuva.


Depois do banho, já era quase hora de almojantar na sogra. Andres, Sylvia e as crianças já estavam lá quando cheguei. Prato do dia: elk sodd. Sodd é um tipo de sopa, ou ensopado. Creio que receita antiga e tradicional de camponês, pois também é muito simples. A carne de alce é cozida num caldo feito de cebola, repolho, cenoura e aipo rábano, pimenta do reino e zimbro (a frutinha que dá ao gim o aroma particular. Depois que a carne está bem macia, a carne e os legumes são retirados e servidos, e o caldo é servido separadamente. Sempre acompanhados da boa e velha batata cozida. É gostoso, comfort food. Ah, mas que me dá vontade de servir - e comer - tudo junto no prato fundo como uma sopa mesmo, isso dá.

Voltei pra casa e fui comprar ovos pra poder fazer cup cakes de mirtilos pra esperar o Lars. Usei outra receita da Claudia, do Sabor Saudade (tô sempre na cola dela!), e eles ficaram sensacionais. Engraçado é que os mirtilos assim, recém colhidos e mastigados puros, não tem muita graça. São super ácidos, com pouco açúcar, assim como uma uva vinífera ainda não amadurecida... Parêntese - vendo o leve esbranquiçado que cobre os mirtilos (assim como as uvas pretas tem um esbranquiçadinho na casca), e me dando conta da alta acidez, imaginei que eles dariam um vinho quase tão naturalmente quanto a uva... Depois a sogra me disse que se faz muito vinho de mirtilo aqui na Noruega. Ponto pra mim, como sou esperta!!! Fecha parêntese. Mas depois de cozidos, é inexplicável todo o sabor e doçura deles...

No forno



E depois de prontos

Acho que vou quebrar muito as costas pra lotar o freezer de mirtilos. Esses cup cakes estavam de chorar...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O frenesi continua - agora não é só peixe, é tudo!

Putz, por onde começar, uma vez que tenho passado muuuitooooo tempo na cozinha?

Começo do princípio, ou de onde parei no último post. Tinha feito empanadas argentinas com Lars, e comemos tudo! Num dia. No dia seguinte, Lars ficou me enchendo a paciência que queria empanadas de novo. Ao menos ele ajuda a fazer, tão bonitinho! Dei a receita pra ele, e ele fez a massa enquanto eu fazia o recheio. Dessa vez usamos presunto e queijo, e fizemos as empanadas maiores, mais parecidas com as empanadas chilenas. Mas ficaram ótimas. A receita rendeu 5, e comemos três no dia, e duas no dia seguinte.

Montando as empanadas, e antes de assar.



Saindo do forno (um larápio roubou uma enquanto eu pegava a máquina pra fotografar).



E então, tava procurando receita de bolinho de bacalhau, pois havia prometido pra sogra. Queria fazer (E COMER) bolinhos de bacalhau iguais aos dos tempos áureos da rosticeria Bologna, na Rua Augusta, ou do Bar Filial na Rua Fidalga(ou o Genial, na rua Girassol, onde eu morava), ou os do Bracarense, no Rio, onde fui apenas uma vez - mas não consegui esquecer. Revirei a net atrás de receitas. E fiz uma descoberta... Fora os deliciosos blogs de ótimas arteiras (e arteiros) na cozinha, a Internet Brasileira é pobre em sites de comida brasileira. Ou é site de má qualidade, ou é alta gastronomia com ingredientes brasileiros. Mas graças a algumas blogueiras que acompanho e seus sites fantásticos, acabei fazendo uma mescla de receitas.

E usei o seguinte: 550 gramas de bacalhau seco, que ficou de molho 48 horas com a água trocada de 3 em 3 horas, e depois de limpo foi passado uma vez rapidinho no processador pra ficar como desfiadinho, e ficou; uma cebola grande, que também passei no processador por 10 segundos; 300 gramas de batata cozida e amassada; salsinha picada (use a gosto, eu usei bastante); pimenta do reino; 4 colheres de sopa de farinha de trigo; e bastante azeite extra virgem. Refoguei as cebolas em azeite até que ficaram translúcidas. Depois acrescentei o bacalhau. Refoguei por uns 10 minutos e deixei esfriando. Cozinhei as batatas e depois amassei, quase como um purê. Também esperei esfriar. Quanto tava tudo frio, misturei a salsinha ao bacalhau, depois a pimenta do reino, depois as batatas, até que as batatas estivessem incorporadas. Depois, a farinha de trigo, e mexi bem. Ficou uma massa possível de moldar, mas ainda molinha, bem maleável. Então fiz bolinhos com duas colheres e fritei no tal rapsolje, o óleo vegetal comum aqui na Noruega. Acho que o óleo ficou quente demais, então as primeiras levas ficaram bem moreninhas. Depois abaixei um pouco o fogo. Ficaram assim



Podem não ter ficado lindos, mas que estavam bons, estavam. Esse pratão acabou, a sogra adorou. Servi com arroz branco, uma saladona verde, e uma salada de bacalhau desfiadinho com feijão branco. O Bar São Cristóvão (link nesse post), na Rua Aspicuelta em SP servia essa saladinha. A receita original leva feijão fradinho. O branco tava mais na mão... Deixei uns 200 g de feijão branco de molho por um dia e uma noite (a experiência anterior com o cassoulet me mostrou que seria melhor assim). Usei uns 100g de bacalhau dessalgado e desfiado (o mesmo usado pro bolinho, passado no processador). Usei meia cebola roxa, refoguei em azeite, acrescentei o bacalhau enquanto o feijão cozinhava. Para minha surpresa, o feijão ficou pronto em 15 minutinhos. Deixei passar um tiquinho do ponto, pois ao adicionar vinagre a feijões em geral, eles endurecem. Então, deixei os feijões e o bacalhau esfriarem. Misturei os dois e temperei com vinagre e azeite, e um pouquinho de pimenta do reino. Bastante azeite e foi pra geladeira até a hora de servir. A sogra adorou, mas como comeram mais os bolinhos, sobrou salada pacas, e no dia seguinte ela fica ainda melhor.


Nesse meio tempo achei hora pra fazer três geléias. A de banana com chocolate da Claudia, e dessa vez acertei. Ficou assim ,ó


Sou meio esganada às vezes, e quando vou ao mercado quero comprar todas as frutas - enquanto há - e compro muito. Comprei cerejas, caras. E achei que não ia dar conta, porque Lars não gosta. Então dei umas fuçadas numas receitas, e no meu atual livro de "beira de fogão" chamado "Prefect Preserves". Cheguei à seguinte receita
500g de cerejas negras frescas
180 g de açúcar (mas a porporção clássica é 2 partes de fruta pra uma de açúcar. Pra mim fica muito doce, então sempre reduzo)
Gotinhas de extrato de baunilha
50 ml de akvavit (Aquavit, o destilado da Noruega)
A idéia de acrescentar a pinga veio porque vi na Internet uma receita que levava Cointreau, outra levava Cherry Brandy. Como não tinha nenhum... E ficou óóóóótimo!
Corte as cerejas ao meio, retire a semente e coloque na panela com os outros ingredientes. Cozinhe em fogo baixo, com uma fervura branda, até que a calda esteja grossa. E dessa vez, como manda o figurino, esterilizei a jarra, a compota foi pra dentro do vidro quente, e depois o vidro fechado foi fervido em banho-maria por uns 20 minutos. Deixei esfriar e está no armário. Tô meio que guardando pra ver no que dá...



Tô lendo um (outro) livro sobre vinho que fala do processo de conservação pelo açúcar (vinhos doces como Sauternes ou Tokaj são mais difíceis de fermentar), que impede o crescimento de muitos microorganismos por causa de pressão osmótica (a pressão no meio é maior que no interior da célula, que sofre osmose para equilibrar a pressão - or something like that. Alguns fungos e leveduras entretanto, são resistentes, e há a possibilidade de deterioração - demora, mas estraga. É preciso ficar de olho, ou aliar um processo térmico (o banho-maria). Não esqueço das aulas de Nutrição no curso de chefe, e a história da vovó assassina, que matou meia família (sem querer, claro) com sua conserva contaminada por bactérias anaeróbias... Emfim, tudo muito chato e complicado, mas que é bom saber...

E fiz ainda uma geléia de nectarinas, pois não dei conta de comer a caixa que comprei, e apareceu uma drosófila na cozinha! Essa foi no olhômento mesmo, as nectarinas picadas com um tanto de açúcar, e um nadica de água, cozinhando até que a calda estivesse bem viscosa. Ficou assim ó



E por último, os cup cakes de cenoura que a sogra pediu de presente de aniversário. Quando fomos todos pro chalé,eu fiz cup cakes de cenoura e levei. Acabou num dia, e pediram mais. Então, Marit disse que no aniversário só queria ganhar muitos cup cakes de cenoura, inclusive pra congelar. Usei uma receita ótima do Rainhas do Lar, que não falha nunca. 4 cenouras, 4 ovos e 1 copo de óleo no liquidificador. O líquido então é misturado a 3 xícaras de farinha, 2 de açúcar (que eu reduzo pra 1 e meia) e uma colher de fermento em pó. Depois ponho chips de chocolate (tipo Confetti, mas sem confeito, só o chocolate). Assando em forno a uns 180 graus, leva uns 15 minutinhos.


Essa semana não tava querendo muito saber de cozinha não, mas tudo indica que amanhã vou catar mirtilos com a sogra, então vou acabar fazendo alguma coisa...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A receita de bacalhau perfeita!

Não tenho palavras depois disso... HUAHAUAHAUAHUAHUAHAUHAUAH!


Frenesi de peixe, e uma vontade argentina

Nessa última semana, por causa da pescaria, mas também por causa da descoberta de uma peixaria de verdade, perto da casa do irmão do Lars. Tem maior variedade de peixes - e cortes. Estivemos lá semana comprando bacalhau fresco, porque eu tava com vontade de comer - ironia, não imaginava que íamos pescar um monte de bacalhau no fim de semana! Enfim, compramos o bacalhau, e também um belo pedaço de truta defumada. É truta marinha, ela tem quase o mesmo tamanho, exatamente a mesma cor, do salmão. A diferença é que eu acho o sabor dela mais delicado, não é tão peixenta quanto o salmão.

Compramos também um potinho de seilaks, que na verdade é o peixe sei salgado, e depois conservado em óleo. É uma delícia. O sei salgado, quanto mais tempo fica preservado, mais avermelhado vai ficando. Hoje em dia, como a salga não é mais um processo fundamental da alimentação (porque existem geladeiras e freezers), o sei não fica tão vermelho, então usa-se corante vermelho. O peixe fica bem vermelho, é um pouco bizarro - mas é gostoso.


Resistimos à tentação de comprar um pote de kaviar de bacalhau também natural. A pasta de ovas não industrializada tem uma cor de café com leite, contra a cor salmão do kaviar industrializado, vendido em tubos. Além disso, na peixaria vendem também bacalhau seco (pelo triplo do preço que paguei na feira local de Styrkesnes), outros peixes secos ou preservados, como makerel, e, pasmem, ovos de gaivota. São uma iguaria, ao menos aqui nesta região. Não tenho coragem... E sempre que os vejo à venda, não estou com a máquina fotográfica.

Outra bizarrice culinária aqui da Noruega (e isso acho que é no país todo, pois vejo na TV da mesma forma)... Os camarões deliciosos que são vendidos aos montes em todos os lugares, são SEMPRE pré-cozidos! Nem nos barcos de pesca que vem do mar - porque eu e Lars, quando queremos camarão, vamos ao pier comprar direto nos barcos - eles são crus. Acho muito frustrante isso... E eles sempre vem com cabeça. Às vezes separo um pouco das cabeças pra fazer caldo de camarão e congelar. Enfim, outro dia - aliás, na véspera do casamento - eu tinha um camarão congelado, e uma sobra de purê de abóbora (vocês não imaginam a alegria que foi no dia em que achei abóbora na loja chinesa! Fiz até doce!!!), e resolvi fazer uns bolinhos de camarão. Bati o camarão cozido e limpo no processador com meia cebola pequena e um pouquinho de dill fresco, mais tabasco e uma colherinha de mostarda com ervas de Provence. Fui misturnado o purê de abóbora à mistura, até ter umaconsistência moldável. Ajustei o sal, forrei uma forma com papel manteiga e coloquei no forno até dourarem - veja bem, tudo já estava cozido, não era necessário cozimento. Foi rápido... Aprontei a comida e saí pra comprar as flores do casório. Quando voltei, Lars tinha traçado mais da metade da assadeira... Ficaram deliciosos, e diferentes. Aí na foto, antes de assarem.


No fim de semana, e durante essa semana, comemos bastante sei fresco. Quando o peixe está pequeno para cortar os filés, eles cortam em postas, e a maneira tradicional de comê-los por aqui - ao menos aqui, na MINHA parte da Noruega, é a seguinte: o peixe cortado em postas é cozido em água com um pouquinho de vinagre e folhas de louro, servido com batatas, flatbrød (o pão sueco) e rømme (creme azedo, tipo o sour cream americano), além disso na mesa tem a manteiga, o sal e a pimenta do reino. Muito frugal, e um pouco insosso, digamos assim, mas é autêntica comida tradicional, de comunidades pesqueiras, consumida dessa forma desde antigamente. O que sempre me encanta nessa cena é que os meus noruegueses comem esse prato simples com uma voracidade impressionante! Como se estivessem traçando um prato extremamente saboroso e voluptuoso. Acho mesmo que o hábito faz o monge, e por isso me sinto uma verdadeira Babette aqui...

E não é que eles não gostem de comidas diferentes, muito pelo contrário. Acho que a questão é mesmo a falta de hábito, e de conhecimento... Cada vez que uso um ingrediente que seja alicerce da dieta deles (como bacalhau fresco ou sei fresco, por exemplo), eles se deleitam ao comer! Já eu não poderei olhar o tal sei cozido por algumas semanas. É preciso realizar uma verdadeira cirurgia nas postas cozidas para remover os ossos e pele, e quando você termina, o peixe está frio... As sobras podem ser comidas no dia seguinte, mas o que muda é o peixe é consumido gelado, sem as batatas dessa vez, mas com uma salada de pepino temperado com vinagre e açúcar.

E pra quebrar esta monotonia de sabores, ontem fiz empanadas argentinas. Porque raios uma brasileira expatriada tem vontade de comer empanadas argentinas, devem se perguntar alguns... É que cresci na Vila Madalena, em São Paulo, perto do antigo Martin Fierro, que era onde é hoje o Empanadas Bar. E o Martin Fierro era só isso mesmo, um bar de empanadas (que vendia alfajores fabulosos), de donos argentinos. Foram crescendo, crescendo, venderam e abriram um restaurante de carnes algumas quadras pra baixo, da Rua Wizard para a Rua Aspicuelta.

Então, eu cresci comendo as tais empanadas, e aliás, poucos no Brasil são capazes de reproduzir o sabor daquelas ali... Depois, em minha viagem à Argentina em 2004 descobri que não são apenas empanadas argentinas, mas são um marco de cada região argentina... Empanadas mendocinas, juaninas, saltenas, e por aí afora. Há também as empanadas chilenas, um caso à parte, mas emapanda é empanada, né? Saía em San Juan, Puerto Rico com minha roomie chilena Claudia pra comer empanadas de camarón (e sabe que as empanadas fritas são praticamente idênticas ao nosso pastel? Fica aí a dica aos expatriados - emapandas chilenas fritas pra matar vontade de pastel! - caso vc encontre um rstaurante chileno ao invés de brasileiro... Nunca se sabe!), sem contar todos os buracos cucarachos no centro de Miami que vendem empanadas. Mas nenhuma NUNCA tão boa como as do Martin Fierro, de Sampa...

Pois bem, estava eu assistindo meu atual favorito show de culinária, o The Hairy Biker Ride Again (a terceira temporada do Hairy Biker's Cookbook), e os dois malucos estavam em Buenos Aires. Depois de muito aprontarem e dançarem tangos com a sutileza de dois elefantes, eles foram a La Boca fazer empanadas. Assistindo, lágrimas chegaram a escorrer dos meus olhos. E parecia tão simples... Mais ficou nisso mesmo.

Lars chegou mais cedo do trabalho, e estávamos morgando no sofá, e a tv ligada ainda no BBC Lifestyle, e começa o show de culinária do Ainsley Harriot. Onde ele está? ARGENTINA!!! E fazendo o quê? EMPANADAS - de frango... Então Lars olhou pramim com aquela cara... Disse "Parece ser muito fácil fazer a massa...". E assim, quase sem mais palavras, levantamos, calçamos os sapatos e fomos ao mercado. Comprei carne (de verdade, não a falsa carne moída que eles vendem aqui, que é um horror de gordura), páprica picante, mais ovos, azeitonas... E depois do almojantar fomos para a cozinha. Segui a receita daqui, e deu muito certo. Rendeu 10 empanadas, que não ficaram lindas, mas ficaram deliciosas, QUASE como as do Martin Fierro. Comemos 9 ontem mesmo, assistindo mais programas de culinária à noite... A última acabamos de dividir, e ficou ainda mais gostosa hoje...

E agora estou às voltas com os bolinhos de bacalhau que prometi à sogra pra o almojantar de amanhã. Dessalguei metade do bacalhau seco que comprei no fim de semana. Os pedacinhos do lombo vou usar para fazer uma salada de bacalhau com feijão (originalmente fradinho, mas como aqui não achei, vou usar o branco mesmo) do bar São Cristóvão, também na Vila Madalena. O restante vai virar bolinho. Ando agora pesquisando receitas de bolinhos de bacalhau decentes... Wish me luck!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Meu cantinho novo

Tinha que ser feito! Não dava mais pra misturar mais lá no outro blog tudo que coloquei aqui... Até eu tava ficando confusa... Assim que vamos ver no que dá, tentar levar dois blogs...

Coloco aqui links sobre posts que incluem comida lá no outro, e a partir de agora passo a postar tudo sobre comida, bebida, vinho, aqui...

Breve relato sobre a história da alimentação na Noruega

A comida na Noruega, nos dias de hoje (ao menos aqui onde eu moro!)

Gastronomia norueguesa