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segunda-feira, 27 de julho de 2009

O frenesi continua - agora não é só peixe, é tudo!

Putz, por onde começar, uma vez que tenho passado muuuitooooo tempo na cozinha?

Começo do princípio, ou de onde parei no último post. Tinha feito empanadas argentinas com Lars, e comemos tudo! Num dia. No dia seguinte, Lars ficou me enchendo a paciência que queria empanadas de novo. Ao menos ele ajuda a fazer, tão bonitinho! Dei a receita pra ele, e ele fez a massa enquanto eu fazia o recheio. Dessa vez usamos presunto e queijo, e fizemos as empanadas maiores, mais parecidas com as empanadas chilenas. Mas ficaram ótimas. A receita rendeu 5, e comemos três no dia, e duas no dia seguinte.

Montando as empanadas, e antes de assar.



Saindo do forno (um larápio roubou uma enquanto eu pegava a máquina pra fotografar).



E então, tava procurando receita de bolinho de bacalhau, pois havia prometido pra sogra. Queria fazer (E COMER) bolinhos de bacalhau iguais aos dos tempos áureos da rosticeria Bologna, na Rua Augusta, ou do Bar Filial na Rua Fidalga(ou o Genial, na rua Girassol, onde eu morava), ou os do Bracarense, no Rio, onde fui apenas uma vez - mas não consegui esquecer. Revirei a net atrás de receitas. E fiz uma descoberta... Fora os deliciosos blogs de ótimas arteiras (e arteiros) na cozinha, a Internet Brasileira é pobre em sites de comida brasileira. Ou é site de má qualidade, ou é alta gastronomia com ingredientes brasileiros. Mas graças a algumas blogueiras que acompanho e seus sites fantásticos, acabei fazendo uma mescla de receitas.

E usei o seguinte: 550 gramas de bacalhau seco, que ficou de molho 48 horas com a água trocada de 3 em 3 horas, e depois de limpo foi passado uma vez rapidinho no processador pra ficar como desfiadinho, e ficou; uma cebola grande, que também passei no processador por 10 segundos; 300 gramas de batata cozida e amassada; salsinha picada (use a gosto, eu usei bastante); pimenta do reino; 4 colheres de sopa de farinha de trigo; e bastante azeite extra virgem. Refoguei as cebolas em azeite até que ficaram translúcidas. Depois acrescentei o bacalhau. Refoguei por uns 10 minutos e deixei esfriando. Cozinhei as batatas e depois amassei, quase como um purê. Também esperei esfriar. Quanto tava tudo frio, misturei a salsinha ao bacalhau, depois a pimenta do reino, depois as batatas, até que as batatas estivessem incorporadas. Depois, a farinha de trigo, e mexi bem. Ficou uma massa possível de moldar, mas ainda molinha, bem maleável. Então fiz bolinhos com duas colheres e fritei no tal rapsolje, o óleo vegetal comum aqui na Noruega. Acho que o óleo ficou quente demais, então as primeiras levas ficaram bem moreninhas. Depois abaixei um pouco o fogo. Ficaram assim



Podem não ter ficado lindos, mas que estavam bons, estavam. Esse pratão acabou, a sogra adorou. Servi com arroz branco, uma saladona verde, e uma salada de bacalhau desfiadinho com feijão branco. O Bar São Cristóvão (link nesse post), na Rua Aspicuelta em SP servia essa saladinha. A receita original leva feijão fradinho. O branco tava mais na mão... Deixei uns 200 g de feijão branco de molho por um dia e uma noite (a experiência anterior com o cassoulet me mostrou que seria melhor assim). Usei uns 100g de bacalhau dessalgado e desfiado (o mesmo usado pro bolinho, passado no processador). Usei meia cebola roxa, refoguei em azeite, acrescentei o bacalhau enquanto o feijão cozinhava. Para minha surpresa, o feijão ficou pronto em 15 minutinhos. Deixei passar um tiquinho do ponto, pois ao adicionar vinagre a feijões em geral, eles endurecem. Então, deixei os feijões e o bacalhau esfriarem. Misturei os dois e temperei com vinagre e azeite, e um pouquinho de pimenta do reino. Bastante azeite e foi pra geladeira até a hora de servir. A sogra adorou, mas como comeram mais os bolinhos, sobrou salada pacas, e no dia seguinte ela fica ainda melhor.


Nesse meio tempo achei hora pra fazer três geléias. A de banana com chocolate da Claudia, e dessa vez acertei. Ficou assim ,ó


Sou meio esganada às vezes, e quando vou ao mercado quero comprar todas as frutas - enquanto há - e compro muito. Comprei cerejas, caras. E achei que não ia dar conta, porque Lars não gosta. Então dei umas fuçadas numas receitas, e no meu atual livro de "beira de fogão" chamado "Prefect Preserves". Cheguei à seguinte receita
500g de cerejas negras frescas
180 g de açúcar (mas a porporção clássica é 2 partes de fruta pra uma de açúcar. Pra mim fica muito doce, então sempre reduzo)
Gotinhas de extrato de baunilha
50 ml de akvavit (Aquavit, o destilado da Noruega)
A idéia de acrescentar a pinga veio porque vi na Internet uma receita que levava Cointreau, outra levava Cherry Brandy. Como não tinha nenhum... E ficou óóóóótimo!
Corte as cerejas ao meio, retire a semente e coloque na panela com os outros ingredientes. Cozinhe em fogo baixo, com uma fervura branda, até que a calda esteja grossa. E dessa vez, como manda o figurino, esterilizei a jarra, a compota foi pra dentro do vidro quente, e depois o vidro fechado foi fervido em banho-maria por uns 20 minutos. Deixei esfriar e está no armário. Tô meio que guardando pra ver no que dá...



Tô lendo um (outro) livro sobre vinho que fala do processo de conservação pelo açúcar (vinhos doces como Sauternes ou Tokaj são mais difíceis de fermentar), que impede o crescimento de muitos microorganismos por causa de pressão osmótica (a pressão no meio é maior que no interior da célula, que sofre osmose para equilibrar a pressão - or something like that. Alguns fungos e leveduras entretanto, são resistentes, e há a possibilidade de deterioração - demora, mas estraga. É preciso ficar de olho, ou aliar um processo térmico (o banho-maria). Não esqueço das aulas de Nutrição no curso de chefe, e a história da vovó assassina, que matou meia família (sem querer, claro) com sua conserva contaminada por bactérias anaeróbias... Emfim, tudo muito chato e complicado, mas que é bom saber...

E fiz ainda uma geléia de nectarinas, pois não dei conta de comer a caixa que comprei, e apareceu uma drosófila na cozinha! Essa foi no olhômento mesmo, as nectarinas picadas com um tanto de açúcar, e um nadica de água, cozinhando até que a calda estivesse bem viscosa. Ficou assim ó



E por último, os cup cakes de cenoura que a sogra pediu de presente de aniversário. Quando fomos todos pro chalé,eu fiz cup cakes de cenoura e levei. Acabou num dia, e pediram mais. Então, Marit disse que no aniversário só queria ganhar muitos cup cakes de cenoura, inclusive pra congelar. Usei uma receita ótima do Rainhas do Lar, que não falha nunca. 4 cenouras, 4 ovos e 1 copo de óleo no liquidificador. O líquido então é misturado a 3 xícaras de farinha, 2 de açúcar (que eu reduzo pra 1 e meia) e uma colher de fermento em pó. Depois ponho chips de chocolate (tipo Confetti, mas sem confeito, só o chocolate). Assando em forno a uns 180 graus, leva uns 15 minutinhos.


Essa semana não tava querendo muito saber de cozinha não, mas tudo indica que amanhã vou catar mirtilos com a sogra, então vou acabar fazendo alguma coisa...

4 comentários:

Unknown disse...

E a gente aqui nem sonhando que você sabia fazer tudo isso!

Camila Hareide disse...

Nem eu, pai, mas a necessidade faz o ladrão!

Tudo isso é experimental, sem contar as experiências nas cozi nhas do Pantanal. Aprendi mais com aquelas mulheres do que elas comigo!

Livia disse...

oooi Camila, to aqui tambem...te seguindo!! Eh que tambem aaamo comidinhas...e as da noruega entao...HUNH!!!que saudade!! Meu noruegues tambem foi trabalhar ha 1 semana e to sozinha, entao, ja viu, ja fui comprar umas caixinhas de morango pra fazer geleia...confort food! Agora ja estou me acostumando a ficar tempos sem meu amor (tambem, depois de sete anos isso era de se esperar, ne?) E quando ele trabalhava na RCCL era muuito pior...tres meses embarcado( e tres em casa), mas ai, tenho que dizer, era teeempo demais!! Ainda da uma saudade louca mas aprendi que, depois de um tempo, isso passa a ser benefico para o casamento. Voltando ao assunto principal, tambem nao gosto de doce muito doce e, por isso mesmo, enlouqueco ai na Noruega. Voce ja comeu uma torta que vende pronta (na parte de congelados dos supermercados) que eh com creme de vanilla e Daime inside? Eh tipo uma torta alema com uns pedacinhos do chocolate Daime -com seus caramelinhos- dentro. Eh muuuuuito boa!! Quando estamos ai na casa da minha sogra ela fica chateada se eu compro comida, entao, dou minhas escapadinhas pro supermercado, como uns fiskekake e levo essa torta... deixo numa gavetinha no quarto -pra nao magoar a sogra- e como sempre vamos no inverno, ela permanece geladinha, e eu devoro tudinho nas madrugadas norueguesas
Se nunca experimentou, corre pra um supermercado, Camila.
Ah! E vc poderia postar uma receita de fiskekake? Pleeease!!! Vc sabe qual o peixe brasileiro pode ser usado pra substituir o cod nos bolinhos e no fiskegratin?
beijinhos...Livia

Camila Hareide disse...

Livia querida, desculpe a demora em responder... Mas sua resposta virá em breve em forma de um post inteirinho só pra fiskekakke, que tal? E sobre a torta que recomendaste, vou procurar no supermercado, tá? Depois de experimentar, te falo!

Achei comico vc esconder a torta da sogra!

beijo
Camila